Israel provoca Irã e Venezuela; Chávez reage
O vice-primeiro-ministro de Israel, Moshe Yaalon, afirmou nesta terça-feira (6) em entrevista à Agência Efe que o Irã está criando, com a conivência do governo venezuelano de Hugo Chávez, uma "infraestrutura terrorista" na América Latina para realizar atentados contra os Estados Unidos, Israel e seus aliados. O líder anti-imperialista e presidente da Venezuel, Hugo Chávez reagiu, dizendo que Israel quer justificar agressão.
Publicado 06/12/2011 22:29
"A ideia é armar uma infraestrutura terrorista que fique adormecida por um tempo e que depois possa atacar os interesses dos Estados Unidos ou nos Estados Unidos, assim como interesses israelenses ou judaicos ou de qualquer outro país que se oponha a sua postura política", declarou o vice-premiê sionista.
Yaalon encerrou nesta terça-feira em Montevidéu uma visita oficial ao Uruguai, onde se reuniu com o vice-presidente do país, Danilo Astori, entre outras autoridades. Em suas declarações, a autoridade sionista citou como exemplo dessa teórica estratégia o suposto complô para matar o embaixador saudita nos EUA, que veio à tona em outubro. Na ocasião, os EUA acusaram o Irã de estar por trás de um suposto plano de assassinar o diplomata. O dirigente israelense está mentindo abertamente, pois a versão estadunidense foi desmascarada.
O funcionário sionista disse que a estratégia se inscreve nos planos de Teerã de "exportar a Revolução Iraniana, primeiro aos países vizinhos", como Iraque, Afeganistão, Líbano e o território palestino, "e depois para o Ocidente".
Yaalon, que na década de 1990 foi chefe da espionagem militar israelense, fez no Uruguai uma aberta provocação e até uma ofensa aos países da América do Sul. Disse que os dados geridos pelo Estado sionista revelam que, na América Latina, "este tipo de infraestrutura envolve elementos muçulmanos que vivem na região e também se apoia nos barões do narcotráfico".
"Também se apoia na imunidade que os diplomatas iranianos têm na região e aproveita especialmente a forma hospitaleira como são recebidos pelo presidente Chávez e, dessa forma, ingressa em todo o continente", acusou o espião e impostor.
Para ele, o fato de os passaportes iranianos não precisarem de visto para entrar na Venezuela, um país que rompeu relações com Israel em 2009 pela situação em Gaza, facilita a entrada em toda a América Latina.
O vice-primeiro-ministro afirmou não entender por que o Mercosul – bloco formado pelo Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai (com a Venezuela em processo de adesão) – pretende assinar no dia 20 de dezembro um acordo comercial com a Palestina.
"Qual é o significado especial do acordo entre o Mercosul e a Palestina, quando a única coisa que os palestinos exportam são atos de terrorismo e mísseis?", perguntou-se.
O vice-premiê advertiu que Israel pretende convencer o regime iraniano a abandonar seu suposto plano bélico de energia nuclear. Mas se isso não for possível, disse ele, fará pressões para que os iranianos "decidam se querem criar a bomba nuclear ou existir como Estado".
Chávez rebate Israel
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, líder anti-imperialista latino-americano, afirmou nesta terça-feira que as acusações de terrorismo de Israel contra Caracas buscam justificar uma agressão, e afirmou que informações como essas fazem parte do que ele chamou de conspiração contra seu país e o Irã.
"Tudo isso faz parte das tentativas de colocar a Venezuela na lista dos países chamados fugitivos por eles para depois justificar qualquer agressão contra nós", indicou Chávez em entrevista coletiva à imprensa internacional.
O presidente respondeu assim ao ser perguntado sobre as declarações do vice-primeiro-ministro sionista israelense, Moshe Yaalon, que afirmou à Agência Efe em Montevidéu que o Irã está criando, com a conivência da Venezuela, uma "infraestrutura terrorista" na América Latina para atentar contra os Estados Unidos, Israel e seus aliados.
Chávez disse que desconhecia essas declarações, mas lembrou que várias vezes houve acusações de fora do país sobre supostas células terroristas na Venezuela.
"Foi dito que a rota aérea que temos entre Caracas, Damasco e Teerã é para trazer e levar terroristas, urânio enriquecido, não sei quantas loucuras", afirmou o líder venezuelano.
Segundo ele, até na Colômbia houve quem dissesse que, debaixo de um galpão de bicicletas na Venezuela, estavam sendo fabricadas bombas atômicas. "Daí surgiu o nome das bicicletas atômicas".
Ele afirmou que essas acusações fazem parte das conspirações contra o Irã e a Venezuela.
Israel e Venezuela não têm relações diplomáticas desde janeiro de 2009, quando Caracas anunciou a ruptura diante do que chamou de "gravidade das atrocidades contra o povo palestino" pela ofensiva militar israelense contra a Faixa de Gaza, quando mais de 1,4 mil palestinos morreram, em sua maioria civis.
Com informações da Agência EFE