Daniel Ilirian: Corinthians de pernas pro ar
O futebol é escrito em páginas surpreendentes e apaixonantes. O desfecho do Campeonato Brasileiro teve para o corintiano um gosto especial. A combinação de resultados da penúltima rodada não permitiu ao alvinegro comemorar o título deixando os torcedores apreensivos mesmo com a difícil vitória sobre o Figueirense em bela jogada do meio-campo Alex deixando para o artilheiro Liédson o cabeceio que daria o penta ao Corinthians.
Por Daniel Ilirian*
Publicado 05/12/2011 15:49
O campeonato não foi, assim, conquistado longe da torcida. O grito de campeão só pôde ser solto no velho estádio do Pacaembu, diante do maior rival e de quase quarenta mil pessoas que foram ao palco do jogo, um dos que definiriam o campeonato. O Corinthians só dependia de suas forças para levantar a taça, dada a vantagem que conquistou ao longo da competição. Mas entrou em campo sem três jogadores importantes na dinâmica e funcionamento da equipe, e o nervosismo e ansiedade ficaram evidentes no primeiro tempo dominado pelo adversário que nada tinha a conquistar, a não ser estragar a festa do arquirrival.
E assim finalmente veio pentacampeonato, depois de um ano cheio de desconfianças após a eliminação mais do que precoce na fase preliminar da Libertadores. O técnico Tite se viu questionado todo o tempo, comandando um elenco sem craques, mas de jogadores extremamente combativos que tinham na marcação uma grande virtude e confiando nos gols do veterano Liédson e do jovem William.
Quis o acaso de uma suspensão tardia que o “sheik” Emerson não participasse do último jogo, causando grandes dificuldades para que o ataque corintiano pudesse manter a bola na frente. No entanto, sua ausência deu lugar a Jorge Henrique, um dos jogadores mais importantes do atual elenco que atualmente não vive bom momento, mas que ontem proporcionou o lance mais festejado pela torcida, quando chutou o ar em falso numa clara provocação ao rival Valdívia, que havia sido expulso depois de agredi-lo em disputa de bola.
E foi assim, na fina ironia de São Jorge Henrique que o corintiano começou a celebrar um título que ficará marcado no dia em que o minuto de silêncio se fez com punhos para cima, de garra, de raça, de saudades, lágrimas e sorrisos. O corintiano de pernas para o ar.
*Professor de História, colaborador do Vermelho