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Pará ameaçado de divisão

No próximo domingo, dia 11, o Pará vai decidir se mantém sua integridade territotrial ou racha em três estados. O PCdoB/PA recomenda o voto contra a divisão pois ela fortalecerá o poder das elites locais em Carajás e Tapajós e vai agravar os graves problemas enfrentados pela população

A unidade do estado do Pará está ameaçada. Em 11 de dezembro de 2011 vai ocorrer o plebiscito para decidir se os paraenses aceitam dividir seu estado criando dois novos, Carajás e Tapajós, que seriam desmembrados de seu território.

Um dos poucos partidos do estado com um posicionamento oficial sobre a questão é o PCdoB, que é contra a divisão pois ela prejudicará a população para favorecer somente aos interesses de elites regionais que querem controlar as riquezas do subsolo paraense.

O Pará é vítima da distorção do desenvolvimento capitalista e concentrador que não prioriza a região Norte e relega o estado a uma política extrativista e ao papel de mero fornecedor de matéria-prima mineral e vegetal, insumos e energia. E também à fronteira agropastoril e à monocultura latifundiária. Em consequência existem poucas indústrias, a infraestrutura é deficiente e não há tecnologia que atenda às necessidades de seu desenvolvimento integrado.

Faltam políticas públicas para o desenvolvimento e o bem estar

O Pará vive a lógica do saque, da dependência, da exploração predatória; daí o abandono e o sofrimento para a maioria da população de todas as regiões do Estado.

A ausência de assistência, de presença do Estado e de políticas publicas, são problemas que afetam a maioria do povo. O Pará convive com conflitos de terras, assassinatos de trabalhadores rurais, crime organizado, trabalho escravo, ausência de políticas sociais, trabalho infantil e exploração sexual de crianças e adolescentes. Para o PCdoB esses são problemas seculares na Amazônia e no Pará. Parte da população imagina que estes problemas podem ser resolvidos com a divisão.

Ao contrário, podem ser agravados: o que estimula o movimento separatista é o desejo das oligarquias regionais de reforçar seu mando e poder nos novos estados que querem criar.

Potencial de desenvolvimento

O Pará tem grandes potencialidades. Situado no centro da região Norte, é o segundo maior estado do país, com 1,2 milhões de km², é o mais populoso da Amazônia (mais de 7,5 milhões de habitantes), e sua capital, Belém, é o maior centro metropolitana do norte do país.

O extrativismo mineral dá base ao desenvolvimento de uma indústria metalúrgica que já é significativa; o município de Barcarena é um grande produtor de alumínio, sedia uma das maiores fábricas desse produto no mundo, e abriga também o principal porto Pará. E há, ao longo da Estrada de Ferro Carajás, uma presença crescente de siderúrgicas; o governo federal implementou em Marabá um pólo siderúrgico e metalúrgico. Nos últimos anos destaca-se também a expansão da cultura da soja e a produção local já representa 7% do total de grãos exportados.

Além disso, abarca a maior usina hidrelétrica totalmente brasileira (e a quarta do mundo), Tucuruí, e está em construção a Usina de Belo Monte, no Rio Xingu; será a terceira maior do mundo, atrás da chinesa Três Gargantas e da brasileira/paraguaia Itaipu.

A divisão vai agravar, e não revolver, velhos problemas

Para o PCdoB, o estado tem todas as condições para crescer e se desenvolver, e a divisão não vai resolver os problemas históricos mas agravá-los. A questão central está inclusão da Amazônia e do Pará em um novo projeto nacional de desenvolvimento para o Brasil, com valorização do trabalho e inclusão social.

O Pará quase sempre foi governado por elites de visão política e econômica conservadora e atrasada, que ignoram a função social da propriedade e querem a riqueza fácil da especulação imobiliária e da sonegação de impostos, entre outros.

Estes velhos problemas, que são consequência do mando de oligarquias atrasadas, vão se agravar. E, com a divisão, o Pará poderá perder seu papel estratégico no crescimento nacional, enfraquecendo o potencial de desenvolvimento integrado, ambientalmente sustentado e com inclusão social, aproveitando suas riquezas para melhorar a vida do povo.

É necessário romper com a lógica de saque e potencializar o emprego das riquezas paraenses para reduzir as desigualdades regionais e sociais, valorizar o trabalho e aprofundar a democracia. O retalhamento do estado, ao contrário, vai fortalecer o saque de suas riquezas pelo capital internacional.

Os comunistas do Pará, com o Comitê Estadual do PCdoB à frente, convocam os trabalhadores e o povo para irem às urnas em 11 de dezembro e votarem não à divisão, em defesa da integridade do estado e de um projeto de desenvolvimento que defenda os interesses da soberania nacional, por trabalho decente e pela inclusão social.

Fonte: Classe Operária