Leyde Rodríguez Hernández: O impacto da Celac no sistema mundial

Um conjunto de razões de peso sustentam essa previsão. A Celac é um novo foro político dos países da América Latina e do Caribe, sem a presença dos Estados Unidos e Canadá, o que constitui um fato sem precedentes a balançar as relações hemisféricas, porque, entre outras coisas, desloca a inoperante Organização dos Estados Americanos (OEA), célebre “ministério de colônias”, conhecida por seu nefasto trabalho a serviço dos interesses da política exterior dos Estados Unidos e por constituir un estorvo para o progresso dos povos latino-americanos.

Assistimos agora a um parto histórico desenhado pelos próceres latino-americanos e caribenhos. É a reivindicação dos ideais libertários do libertador Simon Bolívar, que com a convocação em 1824 do Congresso do Panamá, a fim de criar uma federação de repúblicas com as nações que tinham se tornado independentes da Espanha, vislumbrou a integração política regional, como única fórmula de instaurar a independencia e a soberania dos países da América Latina e do Caribe.

Com a Celac, foi selado um ciclo histórico e nasce um novo ator progressista nas relações hemisféricas e internacionais. No ano do Bicentenário o ideário bolivariano, martiano, fidelista, chavista, guevariano, de tantos outros heróis, e de nós mesmos, irrompe no cenário do sistema mundial para batalhar pela transformação das atuais relações Norte-Sul, e fazer dos vínculos Sul-Sul um verdadeiro paradigma da unidade solidária, da cooperação e da complementaridade, em um planeta ameaçado por guerras – inclusive nucleares – e complexos problemas globais que só poderão ser resolvidos com o concurso de todas as nações, para salvar a humanidade de sua autodestruição.

A fundação da Celac reflete as reiteradas advertências do líder da Revolução cubana, Fidel Castro Ruz, sobre a capacidade dos povos para resistir e vencer todas as dificuldades. Depois da infeliz noite neoliberal e de séculos de dominação colonial e imperialista, na América Latina se constata a tendência crescente rumo a um despertar da consciência revolucionária dos povos que, estendida ao Caribe, foi acelerada pela grave crise estrutural do sistema capitalista e o surgimento de líderes progressistas desejosos de trabalhar em benefício de todos os setores populares e pelo bem de todos no continente.

Seu nascimento pressagia um transcendental impacto para “Nossa América” e as relações internacionais, em seu conjunto.

Muitos são os desafios futuros para a Celac, mas seu nascimento é uma clara contribuição ao equilíbrio do mundo e ao melhor funcionamento das relações internacionais. Desde agora, a Celac é um freio considerável às políticas hegemônicas dos Estados Unidos e seus aliados europeus, símbolos de uma civilização em crises econômica, política e social com sintomas de decadência e decomposição.

A Celac é outro passo rumo a um sistema mundial pluripolar e pluricultural que, desde sua conformação, assesta um duro golpe à imposição de um único polo de poder global, e à perspectiva de multipolaridade concebida como o prolongamento de um pensamento político (teórico-prático) centrado nas relações de poder e de dominação de uns Estados por outros na política internacional.

Se com a Celac nasce um mundo diferente, portador de uma nova ética nas relações internacionais, então damos as boas vindas a esse novo mecanismo ou foro de concertação para a integração dos povos, em um cenário internacional ensombrecido pelo fantasma da guerra.

En suma, a Celac é a nova esperança para a paz, o desenvolvimento sócio-econômico e a integração solidária entre os povos da América Latina e Caribe. E, para o bem de toda a humanidade, que suas motivaciones irradiem com essa mesma força em outras latitudes.

Tradução da Redação do Vermelho