“Todos usam o SUS” é tema da Conferência de Saúde em Brasília
Mais de quatro mil participantes de todos os estados brasileiros deram início nesta quinta-feira (01) ao maior evento brasileiro na área de saúde. Com o tema “Todos usam o SUS! SUS na Seguridade Social, Política Pública, Patrimônio do Povo Brasileiro”, a 14ª Conferência Nacional de Saúde, está sendo realizada no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, até o próximo domingo (04).
Publicado 02/12/2011 16:44
“Para aqueles brasileiros que pensam que não usam o SUS, nossa mensagem é que todos usam”, disse o ministro da saúde Alexandre Padilha durante a abertura que contou com a presença de vários ministros, representantes dos movimentos sociais e políticos em geral.
Padilha, que também é presidente do Conselho Nacional de Saúde, enfatizou que “a Conferência reúne pessoas de todo tipo com muitas idéias, muitos temas, mas é preciso um ambiente de coesão em defesa de um SUS público”.
A etapa nacional que começou nesta quinta-feira é o coroamento de um rico processo que começou há sete meses. Ao todo, foram realizadas 4.347 conferências municipais e 27 estaduais, com a participação de mais de 26 mil pessoas. As Conferências Nacionais de Saúde acontecem há 76 anos.
Comunistas
Entre os quatro mil participantes da Conferência, muitos são militantes do PCdoB. Para organizar e debater as propostas que os comunistas vão defender no evento, foi realizada uma reunião que contou com aproximadamente 70 militantes e foi coordenada pelo presidente nacional Renato Rabelo.
Durante a reunião, foi aprovada uma carta assinada pelo PCdoB para ser entregue para os delegados da Conferência. Com o título, SUS é patrimônio público, o texto defende ser esse o momento de fortalecimento do SUS público e de qualidade e da construção de um Brasil justo, democrático e soberano.
Segundo a médica Júlia Roland, da direção nacional do PCdoB, o principal desafio da 14ª Conferência de Saúde é buscar um caminho que estreite os laços da sociedade com a construção cotidiana do SUS.
“Se não agregar mais forças aos que querem uma saúde de qualidade, não alcançaremos esse objetivo. Temos que fortalecer o campo dos que defendem uma saúde pública, para enfrentar aqueles que entendem que o caminho é investir na saúde privada”. Ela reclama que atualmente são destinados mais recursos para saúde privada do que para a pública.
Financiamento
Júlia explica que fortalecer o SUS significa essencialmente discutir formas de aumentar o financiamento da saúde pública. “A Organização Mundial de Saúde (OMS) indica que o Brasil deveria ter o dobro de investimento na área. Hoje destinamos 3,7% do PIB e o ideal é que cheguemos a no mínimo um investimento de 6 %. Essa é a questão central”.
Não só o aumento do financiamento resolve os problemas enfrentados hoje pelo SUS, garante a médica do PCdoB. “É fundamental também a melhora a gestão do sistema. Dar maior qualidade de atendimento ao brasileiro que está na ponta, que depende diretamente e muitas vezes com urgência de uma boa gestão pública”.
A percepção de que o SUS necessita melhorar sua gestão é compartilhada com a coordenadora-geral da Conferência, Jurema Werneck. Ela vai mais longe e afirma que ser necessário mudanças profundas no projeto, que apesar de ser correto, precisa ser aperfeiçoado.
“O SUS precisa ser reconstruído e a gente pode refazer a sua história, reafirmando sua importância como política pública. Podemos sim iniciar agora a grande mudança e pensar o mundo de outra forma”, declarou Jurema.
Novidade
Com o objetivo de reforçar o controle e a participação social na gestão do SUS, foi lançada durante a abertura da Conferência a Carta SUS, uma nova ferramenta de ouvidoria para receber sugestões e críticas dos pacientes internados nos hospitais do Sistema.
A partir de janeiro, todos os pacientes da rede hospitalar públicas receberão, em casa, uma carta-resposta para que avaliem o atendimento recebido. A correspondência terá porte-pago, ou seja, seu retorno não terá nenhum custo para o usuário do SUS. Ao receber a carta, o paciente poderá avaliar a qualidade e a agilidade do atendimento prestado e denunciar se foi vítima de algum abuso ou irregularidade, como a cobrança de procedimentos nos hospitais do SUS.
De Brasília,
Kerison Lopes