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Deputado critica homenagem da Câmara a pastor homofóbico

A decisão da Câmara de condecorar com a Medalha do Mérito Legislativo o líder da Igreja Assembleia de Deus, pastor Silas Malafaia, indignou o deputado Jean Wyllys (Psol-RJ), uma das principais referências do movimento LGBT no Congresso. Para o deputado, que é gay e defensor da causa, a homenagem a religiosos que “perseguem” minorias por sua orientação sexual é grave.

“Essa homenagem mais parece uma medalha do fundamentalismo cristão. Fico escandalizado que a Câmara possa conceder uma homenagem desse porte a pessoas que violam os direitos humanos, no caso os direitos da população LGBT”, disse Jean ao Congresso em Foco. A indicação foi feita pelo deputado Lourival Mendes (PTdoB-MA), que defende o direito de o líder evangélico expressar o que pensa.

Na avaliação de Jean, a Câmara deveria levar em conta três critérios na hora de escolher os homenageados: o não envolvimento em escândalos de corrupção; a não violação de princípios constitucionais, como o cerceamento à liberdade de expressão, e a não perseguição a minorias vulneráveis.

Declarações polêmicas

Na semana passada, Malafaia causou polêmica ao declarar à revista Época que iria “arrebentar” e “fornicar” Toni Reis, atual presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis (ABGLT). “Eu vou arrebentar o Toni Reis… Eu vou fornicar esse bandido, esse safado. Eu vou arrombar com esses…”. O caso repercutiu no Twitter, levando a hashtag #MalafaiaresolveuFornicar aos “trending topics”, ranking de assuntos mais comentados no microblog.

Após a repercussão, o pastor disse que a revista publicou o termo errado. O pastor afirmou que disse que iria “funicar”, expressão carioca que, segundo ele, significa “ferrar”. “Na linguagem vulgar, ‘funicar’ significa ‘ferrar’ o movimento gay”, escreveu.

Ainda na semana passada o pastor chamou a jornalista Eliane Brum, também da revista Época, de “vagabunda” em entrevista publicada pelo jornal americano The New York Times. Ele censurou artigo publicado pela colunista no qual ela critica a intolerância com pessoas ateístas por parte dos adeptos às “novas fés”, referindo-se ao crescente número de fiéis às igrejas evangélicas, no que disse ser “uma disputa cada vez mais agressiva por fatias no mercado entre as grandes igrejas”. Malafaia usou o Twitter novamente para se desculpar. O pastor disse que utilizou o termo errado, e que sua intenção não era ofender a jornalista.

No mesmo dia em que recebeu a homenagem na Câmara, o pastor Malafaia participou de uma audiência pública na Comissão de Direitos Humanos do Senado, que discutia o Projeto de Lei que criminaliza a prática de homofobia. Na ocasião, o religioso afirmou que os ativistas gays são “parasitas do Estado”, ao afirmar que as ONGs existentes em prol da causa LGBTT recebem dinheiro público. “A minha instituição é bancada por quem acredita em mim, mas eles são parasitas do Estado”, disse.

O deputado Lourival Mendes garante que Silas Malafaia merece ser agraciado com o prêmio. O parlamentar disse que Malafaia tem toda liberdade de expressar aquilo em que acredita. “Ele defende um ponto de vista dele e da frente parlamentar evangélica. Ele tem razão e está correto. As pessoas que defendem posições claras não podem ser criminalizadas”, declarou.

Fonte: Congresso em Foco