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Usiminas agora é controlada por estrangeiros

Vinte anos após sua privatização, a primeira do Programa Nacional de Desestatização, a Usiminas vai mudar de mãos novamente e deixar de ser brasileira. Com a entrada do grupo italiano Techint – que desembolsará R$5 bilhões por uma fatia de 27,7% no capital votante da empresa -, o controle da siderúrgica mineira passa a ser dividido entre os recém-chegados italianos e a japonesa Nippon Steel, acionista da companhia desde 1991.

Juntos, os dois terão 57,2% das ações ordinárias (com direito a voto) da Usiminas. Maior produtora de aços planos do país, a companhia é grande fornecedora de montadoras.

A operação, anunciada no fim da noite de domingo, foi detalhada nesta segunda-feira (28) pelo presidente da Usiminas, Wilson Brumer. Pelo novo acordo de acionistas, o grupo Techint, por meio de suas subsidiárias Ternium, Siderar e TenarisConfab, comprará 26% do capital votante que estavam em posse de Camargo Corrêa (13%) e Votorantim (13%). Além disso, vai adquirir 1,7% da Caixa dos Empregados da Usiminas (CEU). O preço pago por ação será de R$36, ágio de 83% sobre a cotação da última sexta-feira (R$19,70) na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

Minoritários

Paralelamente, a Nippon pagará R$307 milhões por 1,7% das ações ordinárias da CEU, elevando sua fatia no capital votante para 29,5% e reduzindo a da CEU a 6,8%. Pelo acordo, não há mudanças no número de cadeiras do grupo controlador no Conselho de Administração: Ternium e empresas associadas assumem os três assentos que eram ocupadas por Camargo e Votorantim; a Nippon tem outros três, e a Caixa de Empregados, dois.

O acordo encerra uma disputa que vinha sendo liderada pela CSN. Desde janeiro, a empresa estava comprando ações da Usiminas. A última aquisição, este mês, elevou sua fatia para 11,6% do capital votante. A CSN, no entanto, permanece fora do bloco de controle. Nessa briga, a Gerdau chegou a ser apontada como potencial candidata para as fatias de Votorantim e Camargo, que vinham acenando sua disposição de vendê-las. Mas a siderúrgica gaúcha, a preferida do governo federal para encabeçar a compra, não se mexeu.

Leonardo Alves, da Link Investimentos, acredita que, com a vitória de um grupo estrangeiro na disputa, a Usiminas pode perder apoio do governo em questões pontuais. Mas Brumer não parece preocupado, "agora um acionista se junta a nós com o intuito de ajudar a Usiminas a crescer no Brasil", disse o executivo, que descarta mudanças imediatas na diretoria e prevê para o fim de janeiro a conclusão do acordo.

Segundo Brumer, não deve haver tag along (extensão aos acionistas minoritários do prêmio pago aos controladores). Os papéis preferenciais da Usiminas (PNA, sem direito a voto) subiram 2,83%, a R$10,90, enquanto os ordinários (ON, com direito a voto) caíram 3,55%, a R$19. Segundo Pedro Galdi, da SLW, a queda se deve ao fato de que os papéis estavam com "preço inflado", em parte por causa das recentes aquisições da CSN.

Na segunda, a Usiminas anunciou a compra da Mineração Ouro Negro (MG) por US$367 milhões e a conclusão da compra da J. Mendes (MG) por US$1,9 bilhão.

Fonte: O Globo