Raul Pont retira pré-candidatura à prefeitura de Porto Alegre

Em nota distribuída à imprensa nesta quarta-feira, Pont explicou que o motivo foi não ter alcançado um consenso na sigla e que a atitude é para ajudar na construção da unidade partidária. Com essa decisão, o caminho fica livre para o presidente da Assembleia Legislativa, Adão Villaverde, concorrer ao cargo pela legenda. A escolha entre os dois parlamentares iria ocorrer no sábado.

O discurso para justificar a retirada é o de manter a unidade, já que as correntes que o apoiam não conseguiram reunir os votos que esperavam. “Espero que os companheiros que acreditaram na nossa candidatura compreendam as razões”, disse o deputado. Nos bastidores do PT, a informação é de que as correntes que apoiam Pont insistiam para que ele seguisse na disputa, mas que a vontade dele era desistir da corrida pela prefeitura da Capital.

Questionado sobre como pretende construir a unidade partidária em torno de seu nome, uma vez que o PT se mostrava dividido entre as duas pré-candidaturas, Villaverde disse que a iniciativa de Pont foi o primeiro passo para a unidade, e que pretende dialogar com "todas as forças" do partido. Ele destacou também que o PT deve sair do encontro de sábado, no qual sua pré-candidatura será oficializada, dando ainda mais ênfase à candidatura própria e ao estabelecimento de alianças para a indicação do vice.

Pressão interna

A definição de um candidato próprio para 2012 foi fruto da pressão de parte da base do PT. Mesmo assim, líderes petistas ainda admitem a possibilidade de a sigla abrir mão da cabeça de chapa em troca de uma aliança que reforce a base de apoio do governador Tarso Genro, do PT, e da presidente Dilma Rousseff. Neste caso, o caminho poderia ser o apoio à deputada federal Manuela D"Ávila (PCdoB).

Na nota distribuída ontem à imprensa, Pont disse que a tese da candidatura própria já é vitoriosa dentro do PT, mas a decisão final só deve vir no início de 2012. O próprio Villaverde é visto como mais sensível do que Pont à ideia de abrir mão da cabeça de chapa para reforçar os laços com aliados do governo. 

Se o PT acabar optando por Manuela, poderá levar no mesmo pacote uma composição com o PSD do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que esteve ontem em Porto Alegre para uma palestra na Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Sul (Federasul). De acordo com ele, a estratégia do novo partido fora de São Paulo será negociar a formação de chapas em conjunto com o PSB, que em Porto Alegre já confirmou apoio a Manuela. E Kassab também afirmou que não haveria problema em apoiar o PT, caso o partido enfrente a parlamentar com candidato próprio.

Importância da unidade

O presidente estadual do PCdoB-RS, deputado Raul Carrion, afirma que a desistência de Raul Pont em nome da unidade do PT deve fazer com que os petistas compreendam a importância da manutenção da unidade das forças que elegeram Tarso Genro governador. “Sempre que estivemos separados perdemos”, destacou o dirigente, citando como exemplo as eleições municipais de 2008. Carrion afirmou que "a unidade da esquerda em Porto Alegre, com postura política ampla, é o caminho para construirmos a vitória de um novo projeto para a capital." Segundo ele, foi exatamente esta construção que permitiu a vitória de Tarso ainda no primeiro turno para o governo do estado.

Carrion afirmou que o PCdoB respeita e considera legítimos os movimentos dos partidos ao apresentarem seus nomes para a disputa, mas enfatiza que é preciso manter o espaço de diálogo visando a construção da aliança em torno do melhor nome, que tenha condições de mobilizar amplas forças políticas e sociais e garanta a vitória eleitoral. "Continuaremos abertos a este debate, buscando atrair outras forças que estejam comprometidas em renovar Porto Alegre".

Da redação local, com agências