Bob Fernandes: a tragédia dos controlados

Essa investigação sobre fraudes no contrato de inspeção veicular acontece também no Rio Grande do Norte. Lá, foi preso o suplente de senador João Faustino, que é do PSDB. Faustino é suplente do líder do DEM, e da oposição, Agripino Maia.

Agripino é aquele senador de cabelos cor de laranja que vive nos telejornais a cobrar os atos da corrupção alheia: no caso, os praticados por parlamentares ou partidos que integram o governo federal.

João Faustino já foi secretário adjunto da Casa Civil no governo Serra, em São Paulo, e foi assessor da Presidência da República no governo Fernando Henrique Cardoso.
Estes são os fatos, mas é claro, óbvio que alguém hoje suspeito de ter assessorado um governante não torna o governante culpado, nem mesmo suspeito.

Esse, o de separar os fatos dos boatos, é um cuidado que todos deveriam ter, na política e na mídia. Não é o que vivemos e vimos a cada queda de ministro; e só neste ano já foram seis, e na linha de tiro estão Lupi, do Trabalho, e Negromonte, das Cidades.

Estes são episódios educativos: lembram a todos nós que a corrupção no Brasil é ato corriqueiro, não é fruto solitário de um ou outro partido político ou instituição: a corrupção no Brasil é, infelizmente, pratica comum e disseminada.

A propósito: que fim deu, como está a denúncia feita pelo deputado Roque Barbieri sobre a venda de emendas na Assembléia de São Paulo?….. A resposta é essa:silêncio.

O conceituado filósofo e escritor suíço Alain de Botton esteve no Brasil na semana passada. Vejamos o que ele percebeu do Brasil, da cidade de São Paulo.Pergunta dele: "Ninguém para pra pensar como podemos fazer dessa uma cidade bonita, calma, habitável?". Disse ainda o filósofo:"Num dia cinza, São Paulo parece uma visão do inferno".

Ele foi a uma exposição e se espantou com o que viu. Disse o espantado Alain de Botton à Folha de S.Paulo: "Era um conversa de 'pegamos um helicóptero para ir ali'… 'a limusine está lá fora'…as diferenças são tão gritantes…".

Concluiu o filósofo: "Quando saímos do prédio havia algo que parecia um cadáver, mas provavelmente ainda era uma pessoa. E isso é extremo".

Pergunta: O que essa cena descrita pelo filósofo tem a ver com a inspeção veicular, com ministros caídos ou com controladores? Resposta: tem tudo a ver. Os controladores ajudam a entender, e explicar, a tragédia dos controlados.

*Bob Fernandes é comentarista político

Fonte: Jornal da Gazeta