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Paquistão não aceita desculpas por ataque injustificado da Otan

Os militares paquistaneses recusaram nesta segunda-feira (28) os pedidos de desculpas da Otan pelo ataque aéreo a postos de controle na fronteira com o Afeganistão que causou a morte de 25 soldados e deixou mais de uma dúzia feridos.

"As notas de pesar da Otan não são suficientes, esta ação pode trazer graves consequências", advertiu o porta-voz do Exército, major-general Athar Abbas, citado pela emissora de televisão Geo News.

Na madrugada de sábado (26), aviões de combate e helicópteros do Pacto Militar do Atlântico Norte metralharam indiscriminadamente dois pontos de controle paquistaneses próximos à fronteira com o Afeganistão, estabelecidos no cume de uma montanha e distantes 300 metros um do outro.

No dia seguinte, o secretário-geral do braço armado do imperialismo, Anders Fogh Rasmussen, qualificou o incidente de "trágico" e "não desejado".

Rasmussen também anunciou que apoiava uma investigação iniciada pela Força Internacional de Assistência no Afeganistão (ISAF), a fim de "tirar as conclusões corretas".

Abbas, porém, reforçou que o arrependimento não basta e recordou que nos últimos três anos incidentes deste tipo deixaram como saldo 72 soldados paquistaneses mortos e mais de 250 feridos.

O porta-voz do Exército também desqualificou as tentativas de alguns militares estadunidenses, afegãos e do pacto militar que, em um primeiro momento, tentaram justificar o ataque alegando que tinham repelido disparos feitos das posições paquistanesas.

"Isso não é verdade. Eles estão inventando desculpas. Quais são suas perdas, as vítimas?", refutou.

A primeira reação de Islamabad foi fechar as estradas por onde as tropas ocupantes recebem mais de 50% do combustível, dos fornecimentos e armamentos que empregam na campanha de ocupação do Afeganistão.

O premiê Yousuf Raza Gilani ordenou revisar a fundo "todos os programas, atividades e acordos de cooperação com os Estados Unidos, a Otan e a ISAF, incluídos os diplomáticos, políticos, militares e de inteligência".

Cumprindo instruções do governo, além disso, a ministra de Relações Exteriores, Hina Rabbani Khar falou por telefone com a secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, para expressar-lhe "o profundo sentimento de raiva" despertado pela agressão "em todo Paquistão".

Rabbani Khar enfatizou que o incidente "nega os progressos realizados pelos dois países na melhora das relações" e levará a "reconsiderar os termos do compromisso bilateral".

A chancelaria paquistanesa, por outra parte, convocou o embaixador estadunidense em Islamabad, Cameron Munster, para entregar-lhe uma enérgica nota de protesto.

Ao mesmo tempo, em todas as grandes cidades do Paquistão ocorreram manifestações de repúdio à agressão.

O incidente leva as relações Islamabad-Washington a seu nível mais baixo desde a operação encoberta de um comando norte-americano que culminou com o assassinato de Osama Bin Laden, considerada uma afronta à soberania nacional pelos paquistaneses.

Fonte: Prensa Latina