Governo também é responsabilizado por morte de reféns das Farc
Um texto da Agência de Notícias Nova Colômbia, que sempre publica os comunicados das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), atribui ao presidente Juan Manuel Santos a responsabilidade pelas mortes de quatro prisioneiros, que estavam há 12 anos em poder do grupo insurgente. Segundo o texto, Santos havia ordenado o resgate dos militares “a sangue e fogo”, recusando-se a uma “saída civilizada. Familiares dos mortos também culparam o governo pelo ocorrido.
Publicado 27/11/2011 15:56
Neste sábado, a imprensa colombiana havia divulgado que o Exército do país teria encontrado os corpos do sargento do Exército José Líbio Martínez Estrada e três integrantes da Polícia Nacional: o coronel Edgar Yesid Duarte, o major Elkin Hernández Rivas e o intendente-chefe Álvaro Moreno. Um quinto priosioneiro, o sargento da polícia Luis Alberto Erazo, foi achado com vida.
O ministro da Defesa, Juan Carlos Pinzón, admitiu que o fuzilamento dos quatro sequestrados aconteceu no marco de uma operação militar contra uma estrutura das Farc que os tinha em seu poder, em uma região rural do departamento de Caquetá.
“Chucky Santos é o comandante-em-chefe das Forças Armadas e repetidamente ordenou o resgate a sangue e fogo dos militares. O fez como ministro da Defesa do governo paramilitar de Uribe e o ordenou agora, como atual chefe de Estado. Quer dizer que o culpado número um neste desenlace desafortunado é o chefe de Estado, que repetidamente se recusou a dar uma saída civilizada para o problema dos prisioneiros de guerra de ambos os lados”, diz o texto publicado pela Anncol.
“A política genocida de terra arrasada ordenada por Uribe, seguidas à risca pelo Santos ministro, continua a evoluir com mais intensidade durante a era Chucky Santos presidente. Esta política tem consequências terríveis para os prisioneiros de ambos os lados”, segue a Anncol.
Segundo a Anncol, toda tentativa de resgate militar, termina com o perigo a que estão expostos os prisioneiros de guerra e o pessoal de segurança que o mantém sob custódia, e a melhor solução para estes casos é a solução política.
“O regime matou o comandante (das Farc) Alfonso Cano, que havia contemplado a possibilidade de uma libertação unilateral de prisioneiros de guerra, como um gesto prévio a uma abertura para o diálogo. O comandante insurgente foi morto, reiterando: ‘conversemos, homem’”, segue a agência.
“Este fato é o resultado da política militarista do regime. Quando predominam saídas sangrentas, os resultados são sangrentos (…) A insurgência, durante todos essas anos de cativeiro dos militares, preservou sua vida e garantiu sua segurança como corresponde aos prisioneiros de guerra (…) Este fato demosntra o desrespeoto do regime pela vida de seus soldados”, completa.
Parentes dos quatro prisioneiros responsabilizaram também o governo pelas mortes de seus parentes, que não puderam recuperar a liberdade depois de mais de 12 anos de sequestro.
A irmã de Elkin Hernández Rivas, detido desde o dia 13 de outubro de 1998, lembrou que ao governo "sempre se pediu que não fizesse um resgate militar porque sabiam o custo de um resgate militar". A irmã do policial também fez críticas as Farc.
O pai de Edgar Yesid Duarte, Darío Duarte, disse à edição eletrônica do jornal "El Tiempo" que "é uma política de governo ter oficiais para que as Farc os assassinem. O Exército é o culpado". A esposa do cabo Martínez, Claudia Tulcán, exigiu "terminar esta guerra absurda", falando de seu filho, Johan, que sofreu "este flagelo desde seu nascimento".
A irmã do prisioneiro encontrado com vida, Flor Erazo, comemorou que ele tenha conseguido escapar, mas também culpou o governo pela morte dos quatro sequestrados, ao ter realizado uma operação de resgate militar.
Piedad Córdoba
A defensora colombiana dos direitos humanos Piedad Córdoba considerou que a paz em seu país sofreu um duro golpe com a execução de quatro prisioneiros em poder da guerrilha. Córdoba, líder do grupo da sociedade civil Colombianos e Colombianas pela Paz, expressou que recebeu com tristeza a noticia, que comoveu o país.
Disse que essa situação os obriga a trabalhar por uma força ética, pela paz e para pensar que a saída não é a guerra. A ex-senadora realizava discretamente intensas gestões pela libertação dos prisioneiros em mãos das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), trabalho que graças a seus esforços tem dado frutos.
Desde janeiro de 2008 o grupo insurgente libertou unilateralmente uma dezena de prisioneiros, entre políticos, policiais e militares, processos nos quais o trabalho de Córdoba foi crucial.
Com agências