Mário Lago, poeta comunista
Mário Lago foi um artista consagrado e reconhecido e conquistou um lugar no coração dos brasileiros como ator, compositor, ator de filmes e novelas. Mas é menos conhecido como militante comunista, condição que lhe valeu sete prisões, nos anos de 1932, 1941, 1946, 1949, 1952, 1964 e 1969. E registrou com humor e agudo senso crítico a memória delas num pequeno livro, “Reminiscências do sol quadrado”, de 1979.
Por José Carlos Ruy
Publicado 24/11/2011 15:11
Seu primeiro livro, “O povo escreve a história nas paredes”, foi publicado em 1948 (a edição fac-similar pode ser lida e impressa neste portal; está disponível no portal www.mariolago.com.br), é um intenso protesto contra o fechamento do Partido Comunista do Brasil, em maio de 1947, e a cassação dos mandatos de seus deputados e do senador Luís Carlos Prestes, em janeiro de 1948.
É um livro militante que já diz ao que veio logo na nota explicativa que Mário Lago colocou em suas primeiras páginas. Antecipando-se às críticas que veriam naqueles poemas um tom de comício e um sabor de manifesto, ele adverte: “Concordo que elas são comício e manifesto. São umas das mil formas de se chegar ao povo quando negam ao povo a praça pública.” Mas adiantava que não aceitaria alegações de que aqueles poemas fossem destituídos de beleza poética e escreveu: “discordo. Elas foram escritas na linguagem do povo. Inspiradas e ditadas pelo povo.”
Fecharam o Partido, mas ele não acaba, diz num dos poemas. “Porque somos milhões / De mãos dadas / ombro a ombro” e termina com uma pequena quadrinha onde comemora a permanência do mandato dos comunistas que foram eleitos por outras legendas, e não pela sigla da foice e do martelo. É a quadrinha “Paródia dos nossos dias”, onde diz: “Cassarás, não cassarás / Mas dois deles vão ficar / Vai ficar o Arruda / Vai ficar Pedro Pomar”. O livro pode ser acessado através do endereço:
www.mariolago.com.br/download/o_povo_escreve_a_historia_nas_paredes.pdf