Esforço para cortar déficit dos EUA fracassa e deprime mercados
Líderes republicanos e democratas de um 'supercomitê' do Congresso devem anunciar fracasso após três meses de negociações com profundas divisões sobre impostos e gastos. O esforço mais ambicioso de Washington em anos para lidar com sua enorme dívida deve terminar discretamente nesta segunda-feira (21), com os negociadores planejando anunciar que não conseguiram chegar a um acordo.
Publicado 21/11/2011 14:45
Os líderes republicanos e democratas de um "supercomitê" do Congresso formado por 12 membros devem anunciar a derrota em uma declaração conjunta a ser divulgada após três meses de negociações terem fracassado devido a profundas divisões sobre impostos e gastos.
Solução protelada
Após um ano de batalhas orçamentárias, é outro sinal de que os legisladores dos EUA não estão muito dispostos a se comprometerem com aumentos de impostos e cortes de benefícios que, teoricamente, são necessários para colocar as finanças do país em um caminho estável.
O fracasso do painel vai consolidar a avaliação de discórdia em Washington entre eleitores e investidores já decepcionados com a postura do governo, que levou o país à beira de um calote da dívida pela primeira vez em agosto.
Legisladores provavelmente não voltarão a discutir o problema até pelo menos 2013, conforme direcionam a atenção para as eleições presidencial e parlamentar de 2012. As divergências sobre o Orçamento continuarão nos próximos meses e anunciam novos problemas com a dívida soberana no futuro.
Gastos militares
Os democratas tentarão estender a curto prazo medidas de estímulo econômico, tais como subsídios de desemprego e um corte de impostos sobre a folha de pagamento, que eles esperavam manter em qualquer acordo no comitê. Analistas dizem que a economia poderia voltar à recessão caso esses benefícios acabem no final do ano, como planejado.
Os republicanos lutam para proteger os militares de cortes de gastos automáticos de 600 bilhões de dólares que terão vigor a partir de 2013 na ausência de um acordo. Os gastos militares dos EUA ascendem a mais de 1 trilhão de dólares ao ano e uma substancial redução neste valor contribuiria para o equacionamento do déficit público e deixaria o mundo um pouco mais tranquilo e pacífico. Mas não é isto o que se pretende.
As bolsas de valores da Ásia e os futuros de ações dos Estados Unidos caíram, com a notícia pesando sobre os mercados. As expectativas do mercado para um acordo são pequenas, e os investidores viam os Estados Unidos como um refúgio relativamente seguro em meio à crise da dívida na zona do euro. Mas o fracasso pode lembrar investidores dos riscos impostos por um impasse em Washington, que esteve a ponto de descambar para a moratória durante o impasse entre republicanos e democratas sobre ampliação do teto da dívida em agosto deste ano.
Com informações do Estadão.com