Sem categoria

Georges Bourdoukan: Churchil e as eleições no Líbano

Winston Churchil disse certa vez que a democracia é o melhor sistema que o dinheiro pode comprar. Fiquei intrigado com essa declaração, ainda mais dita por quem. É muita maldade, pensei comigo. Pois é sabido que, pelo menos no Ocidente, jamais se comprou ou vendeu voto. Aqui mesmo, nesta maltratada terra de Santa Cruz, alguém consegue imaginar candidato ou eleitor fazendo comedeira?

Por Georges Bourdoukan, em seu blog*

Enquanto refletia sobre afirmação tão absurda, uma voz ao telefone pergunta se gostaria de ir ao Líbano para votar. Passagem de ida e volta por conta do candidato.

Isso pode? Perguntei. Candidato pagar passagem de ida e volta ao Líbano apenas para votar?

E você teria outras regalias, respondeu a voz ao telefone. E prosseguiu: Se você pedir aos seus parentes (que sobreviveram ao genocídio israelense, completo eu) votarem no nosso candidato, eles serão substancialmente recompensados.

O que?

“Sim, eles podem receber entre 800 e 1.500 dólares por voto”.

Aí sou informado que qualquer pessoa de origem libanesa, seja ela brasileira ou Argentina, australiana ou senegalesa, enfim, de qualquer região do planeta está recebendo essa mesma oferta.

São dezenas de partidos disputando 128 vagas no Majlis al-Nuwab. O voto não é obrigatório e candidato precisa ter mais de 25 anos.

O Pacto Nacional libanês, acordado na cidade saudita de Taif, decidiu que a distribuição dos lugares no parlamento será da seguinte maneira: os cristãos serão representados por 64 deputados, assim distribuídos: maronitas, 34; ortodoxos gregos, 14; católicos gregos, 8; ortodoxos armênios, 5; católicos armênios, 1; protestantes, 1; outros cristãos, 1.

Os muçulmanos também serão representados por 64 deputados: sunitas, 27; xiitas, 27; drusos, 8; alauitas, 2.

É coisa de louco, não? Mas é assim que coisa funciona na terra dos cedros.

Esclareça-se que esse exagerado número de partidos está mais para o virtual do que para o real. No fundo, no fundo, serão apenas quatro famílias a controlarem o país, vença quem vencer. Isto acontece desde a independência.

Democracia no Líbano é como liberdade de imprensa no Brasil, onde também apenas quatro famílias controlam a mídia.

Ou alguém duvida?

*Esse convite aconteceu em 2009. Vamos ver o que oferecem em 2013…