Campanha salarial: Continua impasse entre jornalistas e patronato

Há três rodadas oferecendo apenas a inflação de 7,39% para reposição dos salários e rejeitando todas as reivindicações da categoria, a única cláusula pendente, a de Gratificação por Qualificação, também foi negada, em reunião realizada na manhã da última sexta-feira (11/11), na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE/CE). O presidente do sindicato patronal, Mauro Sales, faltou à negociação, mandando representantes que não têm qualquer poder de decisão.

“A pauta de reivindicações foi enviada ao patronato no dia 2 de setembro. Ou seja, estamos a 69 dias ouvindo a mesma negativa sem qualquer argumentação plausível”, afirma a presidente em exercício do Sindjorce, Samira de Castro. Segundo os prepostos, as empresas negaram a cláusula de Gratificação por Qualificação por entenderem que representa ônus financeiro e não uma forma de estímulo à maior capacitação de pessoal e que traria melhoria na qualidade dos produtos. “Embora o Mauro Sales seja favorável a ela, não conseguimos a aprovação dos jornais”, disse Fábio Magalhães, assessor do Sindjornais.

Jornais levam pito no Ministério do Trabalho

O descaso do patronato motivou inclusive a reação da auditora fiscal do Ministério do Trabalho, Jeritza Jucá, mediadora das negocições. “Chegamos à quinta rodada de negociações e os senhores vêm aqui dizer que vão levar (as propostas), vão fazer estudo (de impacto financeiro) e não estão trazendo nada! Os senhores não estão fazendo o dever de casa!”, afirmou, ante a falta de contrapropostas das empresas e a manutenção infundada de negativas.

Para o economista Ediran Teixeira, técnico do Dieese, a correção inflacionária dos salários não é base de negociação de nenhuma categoria de trabalhador no Brasil. Muito menos dos jornalistas do Ceará, que conquistaram ganho real na última campanha salarial de impresso. “Eu tenho 21 anos de mesa de negociação e nunca vi um desrespeito tão grande com os trabalhadores, um sindicato patronal vir aqui sem o presidente e oferecer a inflação em três rodadas de negociação seguidas”, afirmou o economista.

A presidente em exercício do Sindjorce de reforçou que a desculpa de impacto financeiro não cola, ao mostrar, na mesa de negociação, algumas das publicações editadas recentemente pelos jornais O Povo e Diário do Nordeste, como o suplemento em português do The New York Times, agora encartado no O Povo às segundas-feiras, e a revista Gente, lançada pelo Diário do Nordeste. “Isso, sem falar na quantidade de anúncios nas edições de fim de semana, com cadernos de 16 páginas abarrotados de publicidade”, comentou.

Fonte: Sindjorce