Deputados debatem denúncias de trabalho escravo em confecções
Os trabalhadores do setor têxtil, em São Paulo, cumprem carga de trabalho de 16 a 18 horas por dia. E recebem em média dois reais por peça produzida. A afirmação foi feita pela presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias do Setor Têxtil, Eunice Cabral, na audiência pública sobre trabalho escravo, promovida pela Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (9).
Publicado 09/11/2011 16:46
A audiência foi convocada para discutir a denúncia contra as lojas Zara pela prática de trabalho escravo em oficinas de confecção em São Paulo. Segundo auditores-fiscais do Ministério do Trabalho, trabalhadores foram encontrados em ambientes insalubres, e recebiam dois reais por peça de roupa produzida.
Eunice Cabral disse que a empresa de confecção AHA, terceirizada pela Zara, tinha 300 trabalhadores há cinco anos, e hoje conta com apenas 30. Segundo ela, nesse período, a produção só aumentou.
Ela informou ainda que a capital paulista conta com 80 mil profissionais no setor, a maioria é formada por bolivianos, que trabalham por períodos muito superiores ao permitido pela legislação, quase sempre em condições sub-humanas. “Eles moram no próprio local de trabalho. São de quatro a 10 famílias em uma única casa. Muitos estão ilegalmente no Brasil, mas isso não dá o direito de serem explorados”, denuncia Cabral.
O debate foi solicitado pelo deputado Laercio Oliveira (PR-SE). Ele cita como casos a serem investigados, além das lojas Zara, Marisa, Casas Pernambucanas e Collins. “Após inúmeras notícias veiculadas por todos os meios de comunicação brasileiros, não podemos admitir que a comissão, que tem a competência de combater questões como essa, fique sem ação na frente de tal absurdo”, afirma.
O representante da empresa de moda Zara, Jesus Echevarria, se comprometeu a assinar, amanhã (10) o Pacto Nacional pela Erradicação de Trabalho Escravo, assumindo a responsabilidade junto ao Ministério do Trabalho e à Secretaria de Direitos Humanos a não manter contrato com empresas que constem da “lista suja” do trabalho escravo do Ministério do Trabalho.
De Brasília
Com Agência Câmara