Pânico e divergências em Israel com especulação de ataque ao Irã
O jornal israelense Yediot Ahronot, informa em reportagem que o premiê, Binyamin Netanyahu e o ministro da Defesa, Ehud Barak, têm um plano para atacar as instalações nucleares do Irã. Isto despertou pânico e gerou uma onda de duras críticas e alertas em Israel contra a eventual medida.
Publicado 02/11/2011 08:53
Outro jornal israelense, o Haaretz, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e seu ministro da Defesa, Ehud Barak, tentam convencer outros membros do governo israelense a atacar instalações nucleares iranianas..
O Haaretz afirma que Netanyahu, Barak e o ultradireitista ministro das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman, querem atacar o Irã, mas que os outros principais ministros do gabinete são contrários.
Os sionistas israelenses são agressivos, reacionários, neocolonialistas e genocidas, pelo menos é isso que demonstram na sua relação com os palestinos. E têm no seu alvo os países que mais se opõem aos seus planos de dominação no Oriente Médio em aliança com o imperialismo estadunidense, a Síria e o Irã. Mas também têm medo. Sabem que uma atitude precipitada pode gerar um poderoso contra-ataque e fazer eclodir e se espraiar a luta dos povos de toda a região contra sua política expansionista.
É por isso que políticos, analistas e militares se manifestaram contrários ao plano. Segundo a imprensa, todos os chefes das forças de segurança do país, entre eles o chefe do Estado Maior, general Benny Gantz, e Tamir Pardo, chefe do Mossad, organização de espionagem que promove assassinatos de combatentes e dirigentes anti-sionistas, também disseram que são contra um ataque ao Irã.
O ministro do Interior, Eli Ishai, disse que "não consegue dormir" por causa da possibilidade de Israel atacar o Irã. A declaração de Ishai foi vista como um sinal de que o plano existe, pois o ministro faz parte do gabinete de segurança do governo.
O ex-ministro da Defesa, Binyamin Ben Eliezer, disse à radio estatal de Israel que um ataque ao Irã "não seria menos perigoso do que a própria ameaça iraniana" e rejeitou veementemente qualquer plano nesse sentido.
Tzipi Livni, líder do partido de oposição Kadima, disse em uma reunião do Parlamento nesta semana que "Netanyahu deve ouvir os conselhos dos chefes das forças de segurança (contra o ataque)".
Analistas dizem que o plano poderia der executado "depois de Shalit e antes do inverno", em referência à aprovação que o primeiro-ministro obteve após a libertação do soldado israelense Gilad Shalit e ao fato de que o Exército prefere não realizar operações militares durante o período das chuvas do inverno, entre dezembro e fevereiro.
Netanyahu e Barak, dois dirigentes da linha dura do sionismo israelense, que têm marcado sua gestão à frente do governo pela agressividade, o expansionismo e intensificação das políticas de extermínio do povo palestino, não confirmaram nem descartaram a decisão, mas seus últimos pronunciamentos deixaram margem para interpretações que geram preocupação em Israel.
Em uma declaração na terça-feira, Ehud Barak afirmou que Israel "é o país mais forte do Oriente Médio, desde Tripoli até Teerã, e pode vir a enfrentar situações em que terá que defender seus interesses sem o apoio de forças regionais ou de outras forças".
Até mesmo o governo dos Estados Unidos que apoia incondicionalmente as políticas dos sionistas israelenses, está cauteloso em relação a esse impulso belicista da dupla Netanyahu-Barak e enviou vários emissários a Israel para deixar claro que se opõe a um plano de ataque ao Irã.
De acordo com Netanyahu, o programa nuclear iraniano representa uma ameaça "pesada e direta" contra Israel.
O premiê israelense também já afirmou em diversas ocasiões que o significado de uma bomba atômica em poder do Irã seria de um "segundo Holocausto".
De acordo com analistas militares, um bombardeio da Força Aérea israelense às instalações nucleares do Irã não poderá destruir o projeto nuclear do país, pois os alvos são numerosos e estão dispersos por todo o território iraniano, alguns deles enterrados profundamente em locais subterrâneos.
Eles afirmam ainda que se Israel bombardear o Irã, milhares de civis israelenses poderão morrer em consequência de um contra-ataque de mísseis iranianos, que seriam disparados principalmente contra a cidade de Tel Aviv.
Um ataque ao Irã, segundo as análises, também teria um amplo impacto em todo o Oriente Médio e afetaria a economia mundial.
O ministério das Relações Exteriores de Israel iniciou uma campanha exortando os países membros da ONU a endurecer as sanções ao Irã.
De acordo com o ministério, "as chances de frear o programa nuclear iraniano apenas com medidas diplomáticas estão se reduzindo".
Israel sugere a proibição de qualquer transação com o Banco Central do Irã, o boicote ao petróleo bruto do país e sanções contra suas empresas aéreas e marítimas.
No dia 8 de novembro, a Agência Internacional de Energia Atômica deverá publicar um relatório com novas informações sobre o programa nuclear iraniano.
Com informações da BBC