20ª Conferência Estadual do PCdoB/CE homenageará Gilse Cosenza
A entrega da Comenda Bergson Gurjão já faz parte da programação das Conferências Estaduais do PCdoB/CE. Instituída em 2009, o honraria é conferida a “pessoas ou instituições que se empenharam em prol da dignidade humana, do bem estar do povo, da democracia, da liberdade e de um Brasil justo”. Neste ano, a homenageada será Gilse Cosenza, uma das responsáveis pela reorganização do PCdoB no Ceará, na década de 1970.
Publicado 01/11/2011 12:30 | Editado 04/03/2020 16:30
A primeira a receber a Comenda Bergson Gurjão, concedida a cada dois anos, foi dona Luiza Gurjão Farias, em homenagem a todos os familiares dos que lutaram na Guerrilha do Araguaia.
Gilse Cosenza, história viva do PCdoB, será a homenageada deste ano. A solenidade de entrega será no ato de abertura da 20ª Conferência Estadual do PCdoB/CE, a ser realizada no próximo sábado (05/11), às 10 horas, no auditório da Faculdade de Direito da UFC, em Fortaleza. Com uma trajetória de luta em defesa dos direitos do povo, Gilse tem sua história confundida com a do partido que ajudou a construir.
Mais sobre a homenageada
Gilse Cosenza teve a vida marcada pela luta em defesa dos direitos dos brasileiros. Cada passo de sua trajetória trás a marca de dias difíceis e de incontáveis vitórias. Mineira de Belo Horizonte, quis a vida que o Ceará a acolhesse.
O ingresso no universo das luta sociais foi ainda aos 16 anos. Ao entrar num colégio interno de freiras, Gilse conheceu a Juventude Estudantil Católica (JEC) onde ajudou a criar o grêmio estudantil. Concluído o 2º grau, procurou um curso superior que a colocasse no centro dos problemas sociais e optou por Serviço Social, que cursou na Pontifícia Universidade Católica – PUC de Minas Gerais. Já na faculdade, a estudante decidiu se integrar ainda mais às questões sociais. Em 1964, ingressou na Ação Popular (AP) e assumiu a luta pública contra a ditadura.
Com destacada atuação dentro da Universidade, Gilse chamou atenção da repressão. Seu nome constava na lista de lideranças estudantis que deveriam ser presas. Após a perseguição, ela teve que fugir e não colou grau. Com o companheiro Abel Rodrigues, enfrentaram dificuldades na clandestinidade. Moraram em Belo Horizonte, Coronel Fabriciano, São Paulo e Fortaleza.
Grávida de gêmeas, perdeu uma das filhas devido à precariedade no acompanhamento da gestação por ser perseguida política. Foi presa e encaminhada para a “solitária”, onde, por três meses, foi torturada. Dentre as cruéis armas de tortura, os policiais descreviam o que poderiam fazer com Juliana, a filha que sobreviveu. Tinha notícias da filha através de jornal. O cunhado Henrique de Souza Filho, o cartunista Henfil, falava, através de charges que a menina estava bem e saudável.
Gilse participou dos debates na Ação Popular sobre a incorporação ao PCdoB, Partido que passou a fazer parte em 1972. Em meados de 1976, Gilse e a família veio para o Ceará. Deles dependia a reorganização do Partido. Muito da construção do PCdoB no Estado deve-se a Gilse Cosenza, uma mulher que vive muito além de seu tempo e que superou inúmeras e pesadas dificuldades em nome de uma vida mais justa para todos.
Mais sobre Bergson Gurjão
Bergson Gurjão, cearense que dá nome à comenda, é um dos símbolos da luta pelos de direitos de uma sociedade mais justa. Militante comunista, foi estudante de Química na Universidade Federal do Ceará (UFC), vice-presidente do DCE eleito em 1968. Em 1969, foi residir na região de Caianos, onde continuou suas atividades políticas. Informações apontam que em 08 de maio de 1972, foi ferido e morto em combate nas selvas do Araguaia.
A ossada de Bergson foi localizada em 1996, numa escavação feita na região do Araguaia. Quase quatro décadas após sua morte, a família de Bergson Gurjão Farias pode realizar o sepultamento, com honras de estado, do cearense assassinado em combate durante a Guerrilha do Araguaia.
De Fortaleza,
Carolina Campos
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