Denúncia de racismo na PUC-SP ainda sem esclarecimento
Em 2010, aluna sofreu agressões verbais de uma colega, que faziam referência às suas características físicas.
Publicado 21/10/2011 14:47
A Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo ainda não divulgou parecer sobre a denúncia de racismo sofrido por uma estudante do curso de direito. Em outubro do último ano, Meire Rose de Morais sofreu agressões verbais de uma colega, que faziam referência às suas características físicas. As ofensas se deram publicamente, por meio de correio eletrônico, em um grupo de discussão formado pelos alunos do último ano do curso.
O requerimento pedindo abertura de investigação foi protocolado pelo advogado de Meire junto à Reitoria no dia 29 de novembro. Desde então, foram ouvidos professores, testemunhas e a acusada – Tatiana Fochi Airosa.
Meire avalia que o inquérito é conduzido de maneira questionável. Por conta da indefinição, ela diz ter dificuldade em dar prosseguimento aos projetos pessoais.
“Eu estou psicologicamente atrelada a uma decisão da PUC. Foi lá que eu vivi todas as agressões por ser diferente. Não só por conta da raça, mas da idade, da condição social, por conta da minha religião, por várias situações. E a PUC nunca respondeu, nunca houve uma manifestação pública, um combate efetivo à discriminação.”
O caso se tornou público um mês depois de ocorrido. Na ocasião, o diretor da Faculdade de Direito, professor Marcelo Figueiredo, reconheceu a existência de racismo. Ao analisar as mensagens, ele declarou que “o conteúdo é realmente racista, preconceituoso”. E completou: “Eu diria preconceito, racismo, intolerância. Essas são as palavras mais corretas.”
Durante as investigações, os advogados da acusada sugeriram a possibilidade de resolver a questão por meio da Justiça Restaurativa. Nesse caso, as partes entrariam em acordo, descartando a possibilidade de abertura de processos nos âmbitos cível e criminal.
A Radioagência NP solicitou entrevista com um representante da Reitoria da PUC, mas até o fechamento da reportagem não havia recebido resposta da assessoria de imprensa.
Confira trechos dos e-mails:
“Ah, já que estamos falando de campanhas e tal, queria te apresentar uma que só depende de vc, ela se chama: Meire, botas já!! É baseada no fato de que estamos cansados de ter que ver o seu pé grotesco!! Sério!"
“Além disso, tbm acho que está na hora de vc trocar o produto que vc usa para emplastar seu cabelo, pq esse já venceu, e o cheiro…. Na boa….É insuportável!”
"Mas hey! Oq eu estou falando vc já está bem encaminhada! Afinal, vc pratica a profissão mais antiga do mundo (É a prostituição caso vc nao saiba!) Ou melhor.. acho que não Né?Pq, citando um político: ‘Vc nem pra prostituta serve pq é muito feia’"
“Ufa! Obrigada mais uma vez por permitir esse meu desabafo! Com certeza sairei mais leve desta faculdade!”
Fonte: Radioagência NP