Orlando não deixa dúvidas e recebe elogios até do PSDB
Ministro do Esporte vai à Câmara e desmascara calúnias apresentadas pela revista Veja. Sua conduta foi amplamente respaldada por líderes da base governista e recebeu elogios de deputados do PSDB.
Publicado 18/10/2011 21:21 | Editado 04/03/2020 17:17

O ministro Orlando Silva cumpriu a promessa de enterrar as calúnias divulgadas contra ele e o PCdoB pela revista Veja. Por volta das 15h, Orlando chegou à Câmara dos Deputados para ser ouvido, a pedido, pelas comissões de Turismo e Desporto e Fiscalização e Controle. Estava acompanhado por deputados e dirigentes comunistas e muitos líderes de partidos da base aliada, numa demonstração de respaldo político.
Sereno, mas reiterando a indignação com as calúnias, apresentou documentos probatórios de sua conduta e respondeu objetivamente, um a um, a todos os questionamentos que lhe foram dirigidos.
O ministro foi enfático ao assegurar sua conduta. "É o Ministério do Esporte que combate a corrupção. Não interessa qual seja a entidade, a quem seja vinculada. Esse é o padrão do que fazemos". E para solapar qualquer tentativa de vinculação com desvios de recursos, Orlando abriu seus sigilos bancário, fiscal e telefônico à Polícia Federal e demais órgão competentes.
Desafiou também o ex-PM – que já foi preso em operação da Polícia Federal e está condenado a devolver R$ 3 milhões aos cofres públicos – a apresentar provas sobre as falsas acusações apresentadas à revista. "Nesse processo, houve insinuações de denúncias, e nós sempre dissemos: se há o que denunciar, que o faça e prove o que falou. Até agora esse desqualificado falou e não provou. Quem tem provas contra ele sou eu e está aqui. São essas provas que nos fizeram exigir a devolução do dinheiro público", asseverou.
Caluniador dribla PF para se reunir com a oposição
A sessão teve início sem a presença dos parlamentares da oposição (PSDB, DEM, PPS e PSOL), que prefiriram antes colher o depoimento de João Dias. E, neste momento, mais uma vez o caluniador foi pego no contrapé: pela manhã ele faltou, alegando problemas de saúde, a audiência na Polícia Federal, onde havia prometido apresentar provas de suas acusações.
O embaraço ficou evidente quando o deputado ACM Neto tomou a palavra para alardear as supostas "evidências" apresentadas aos oposicionistas. O líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves, aparteou o neto de ACM, perguntando ironicamente sobre a alegada doença do acusador. O deputado baiano foi ríspido: "o senhor pergunte a ele".
Mais tarde, Henrique Alves voltou à carga ao dizer que, se provas ele tem, deixou de "marcar um gol de placa" ao não apresentá-las à PF no dia do comparecimento do ministro às comissões.
Deputados do PSDB defendem Orlando e oposição racha
A prontidão de Orlando em prestar esclarecimentos demonstrou-se acertada em todos os sentidos. Além de passar segurança sobre sua conduta, serviu para demonstrar que a própria oposição não tem um posicionamento uniforme sobre como tratar o caso.
O motivo é simples: denúncias rocambolescas, pela fragilidade de conteúdo e pelo completo descrédito daquele que as apresenta, força a reflexão sobre vantagens e desvantagens de se jogar na tática do vale tudo. A perder, a oposição tem o pouco de credibilidade que lhe resta.
Fato é que pelo menos dois deputados tucanos saíram em defesa da conduta do ministro comunista durante a sessão. O primeiro foi o paranaense Fernando Francischini, que é delegado federal, e foi taxativo: "estou acostumado a ouvir bandido. Não vi postura de alguém que recebeu pacote de dinheiro".
O deputado Carlos Sampaio, do PSDB campineiro, surpreendeu pela ênfase na defesa do comportamento de Orlando e desqualificou o acusador por se reunir a portas fechadas com a oposição e não apresentar provas que diz possuir. "A postura de vossa excelência bate com o que espero de um ministro de Estado. Seja pela transparência, seja por sua atitude republicana".
O líder do governo, deputado Cândido Vacarezza (PT), já no final da sessão, reiterou o pleno respaldo da presidenta Dilma ao ministro do Esporte. Amanhã, Orlando Silva será ouvido, também a seu próprio pedido, em comissões do Senado.
De São Paulo, Fernando Borgonovi