Professores do Ceará: polícia e grevistas entram em confronto
Professores da rede estadual de ensino, em greve há 56 dias, e policiais do Batalhão de Choque entraram em conflito na manhã desta quinta-feira (29/09) na Assembleia Legislativa. Houve confronto, quebra-quebra e alguns professores saíram feridos e outros presos. Os detidos já foram liberados pela Polícia.
Publicado 29/09/2011 11:13 | Editado 04/03/2020 16:30
A confusão começou pouco antes de uma entrevista coletiva que comando de greve daria sobre a paralisação da categoria. Os professores teriam tentado invadir o plenário, mas foram contidos pelos policiais.
“Lamentamos a situação, porque queríamos evitar a votação de mensagem do governo sobre melhorias salariais, mas que traz elementos que não atendem ao nível médio. Tudo estava tranquilo e seríamos recebidos na Casa para dialogar. Fecharam acessos da Casa e o conflito ficou generalizado”, informou acusou Anízio Melo, presidente do Sindicato Apeoc.
Desde a manhã desta quarta-feira (28), docentes estão em Vigília pela Educação, acampados na AL. Para pressionar os deputados a votarem contra projeto de lei que cria nova tabela de salário para a categoria, três professores decidiram entrar em greve de fome, por tempo indeterminado. Clésio Mendes, professor do Liceu estadual de Maracanaú; Laura Lobato, professora do Caic Maria Alves Carioca; e Cláudio Monteiro, professor das escolas estaduais Plácido Aderaldo Castelo, Michelson Nobre da Silva e Patativa do Assaré, protestam em nome da categoria. Eles pretendem intensificar a manifestação, chamar a atenção da população e sensibilizar os professores que já desistiram do movimento.
Os docentes voltaram à AL após saber que o governador Cid Gomes (PSB) havia enviado a proposta de nova tabela, com regime de urgência para votação da mensagem, o que significa que ela pode ser votada a qualquer momento. Segundo os sindicalistas, a proposta não atende os anseios da categoria, pois, além de violar a carreira do magistério, gera prejuízos na aplicação da Lei do Piso. A mensagem continua na pauta e deve votada ainda nesta quinta-feira (29), segundo a Assembleia. Os professores ainda estão impedidos de entrar no plenário.
A manifestação marca a posição contrária à remuneração proposta pelo Governo do Estado, que, segundo os professores, contraria a Lei 12.066 de Cargos, Carreiras e Salários. Os professores rejeitam as mudanças afirmando que a proposta divide a categoria em duas classes e cobram a implantação do Piso com repercussão para toda a categoria. Uma nova assembleia, marcada para a próxima sexta-feira (30/09), no Ginásio Paulo Sarasate, definirá os novos rumos da greve.
Projeto aprovado
Os deputados cearenses aprovaram no início da tarde o reajuste salarial da categoria. Os professores protestam alegando que o Governo de Estado não cumpre a Lei do Piso Nacional, que exige um salário de no mínimo R$ 1.180 para os profissionais com ensino médio.
Os docentes afirmam que vão seguir em greve até que todos os professores da rede estadual recebam o salário equivalente ao piso nacional. Eles prometem também manter ocupando os corredores da Assembleia. Nesta noite, cerca de 60 professores dormiram no prédio em colchões espalhados no interior da Assembleia.
Secretária lamenta as agressões e quer retomar o diálogo
A secretária da educação do Estado, Izolda Cela, considerou “lamentável” o confronto envolvendo professores estaduais em greve e o Batalhão de Choque da Polícia Militar.Izolda Cela disse que o Estado sempre esteve aberto ao diálogo e que a mensagem aprovada pela Assembleia nesta quinta-feira nada tem a ver com o principal das reivindicações da categoria. Houve reuniões com a presença, inclusive, de parlamentares. Há, segundo a secretária, um grupo de professores que não recebia o piso da forma como o Supremo Tribunal Federal definiu. O governo teria que resolver essa situação que estava irregular e envolvendo cerca de 200 docentes, o que a mensagem aprovada corrige.
Ela considerou justo que os docentes se mobilizem, mas “não podemos sacrificar os alunos”. A secretária lembrou que o governador havia avisado para os professores que a negociação ocorreria, mas sem clima de greve. Ou seja, não dava para tratar de planilhas e salários sem que houvesse aula, já que os alunos estão às vésperas de provas do Enem.
“Eu não sei…às vezes tem interesse político, tem gente que não se importa em prejudicar professores e, principalmente, as escolas (…) queremos retomar o diálogo para atender aos anseios da categoria e da população”, adiantou Izolda Cela, reiterando: volta a negociar, mas com as escolas em funcionamento.
Sobre agressão de professores, ela disse que o fato se registrou no âmbito do Poder Legislativo e que houve uma manifestação do presidente da Casa, Roberto Cláudio. Para ela, o presidente agiu para defender a integridade dos servidores da Casa e do patrimônio público. Avalia que as responsabilidades serão apuradas
De Fortaleza,
Carolina Campos, com informações do O POVO on line