Chávez: A doença que a ONU carrega é fatal
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, enviou nesta terça (27) uma carta à Assembleia Geral da ONU na qual denunciou a ameaça de um "novo ciclo de guerras colonialistas" iniciado com o conflito na Líbia. No texto, ele pede que cessem os bombardeios ao país africano e faz um chamado à refundação das Nações Unidas. Também reiterou sua solidariedade com os povos palestino e cubano.
Publicado 28/09/2011 11:47
Chávez não viajou a Nova York para a Assembleia Geral por estar sob tratamento contra um câncer. Na sua mensagem, lida pelo chanceler Nicolás Maduro, contudo, não poupou críticas aos Estados Unidos, À Otan e à própria ONU.
"De imediato, existe uma grave ameaça à paz mundial: um novo ciclo de guerras colonialistas, que começou na Líbia, com o sinistro objetivo de dar um segundo fôlego ao sistema mundo-capitalista", disse o chanceler venezuelano Nicolás Maduro, retransmitindo as palavras do presidente.
"Desde o 11 de setembro de 2001, começou uma nova guerra imperialista que não tem precedentes históricos: uma guerra permanente, perpétua", afirmou. "Por que motivo os Estados Unidos são o único país que semeiam bases militares por todo o planeta?", perguntou o venezuelano.
Ele instou os membros das Nações Unidas a formarem uma Aliança para derrotar a política belicista que, segundo ele, vigora hoje.
"Como fazer valer o direito internacional contra sua (dos EUA) insensata aspiração de hegemonizar militarmente o mundo como garantia de fontes energéticas para sustentar seu modelo predador e consumista? Por que motivo a ONU não faz nada para deter Washington? Se respondêssemos com absoluta sinceridade a estas perguntas, entenderíamos que o império tem atribuído a si mesmo o papel de juiz do mundo, sem que ninguém lhe tenha outorgado essa responsabilidade, e que, portanto, a guerra imperialista nos ameaça a todos", completou Chávez.
"Washington sabe que o mundo multipolar já é uma realidade irreversível. Sua estratégia consiste em parar, a todo custo, o ascenso firme de um conjunto de países emergentes, negociando grandes interesses com seus sócios para dar multipolaridade ao rumo que o Império deseja", continuou.
Chávez citou a intervenção militar da Otan na Líbia como exemplo de uma guerra para "recolonizar e se apoderar das riquezas" do país africano.
O presidente venezuelano perguntou "por que se concede uma cadeira na ONU ao chamado 'Conselho Nacional de Transição' líbio, enquanto é negado o ingresso da Palestina, ignorando não apenas uma aspiração legítima, mas a vontade majoritária da Assembleia Geral?".
A doença da ONU
Chávez afirmou ainda que a ONU, ao longo de toda sua história, "em vez de somar e multiplicar esforços pela paz entre as nações, termina avalizando – umas vezes pela ação e, outras, pela omissão – as mais absurdas injustiças".
Segundo ele, a ONU "já não tem tempo para reformas. Não aceita reforma alguma; a doença que carrega é fatal".
"Se não assumirmos, de uma vez, o compromisso de refundar as Nações Unidas, esta organização perderá definitivamente a pouca credibilidade que ainda lhe resta (…) até a implosão final…".
O líder condenou uma intervenção na Síria e expressou sua solidariedade ao presidente do país árabe, Bashar Al Assad. Além disso, classificou de vergonhoso o embargo americano a Cuba.
"É intolerável que os poderosos deste mundo pretendam ter o direito de ordenar a governantes legítimos e soberanos que renunciem imediatamente. Assim aconteceu com a Líbia, da mesma forma como querem proceder contra a Síria. Tais são as assimetrias existentes na arena internacional e estes são os atropelos contra nações independentes", criticou.
Na mensagem, o venezuelano disse ainda que é chegada a hora de exigir dos Estados Unidos não apenas o fim "imediato e incondicional do bloqueio criminoso contra o povo cubano, mas a liberação dos cinco lutadores antiterroristas cubanos, reféns nos presídios do Império".