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Bolívia enfrenta greve geral nesta quarta

A Bolívia enfrenta nesta quarta (28) um dia de greve geral envolvendo várias categorias profissionais. A paralisação foi convocada pela Central Obreira Boliviana, a maior entidade sindical do país, em protesto contra a repressão às manifestações dos indígenas que se opõem à construção de estrada na região de San Ignacio de Moxos (Beni) e Villa Tunari (Cochabamba).

Depois de mais de um mês de protestos, o presidente Evo Morales decidiu esta semana suspender a construção da estrada até que seja realizada uma consulta popular que decidirá se a obra deve ou não se realizar. O governo também determinou a investigação das denúncias de abusos policial na manifestação e a punição para os envolvidos.

De acordo com o ministro do Trabalhoo, Daniel Santalla, a paralisação convocada pela COB está carente de motivos porque a sua principal razão foi sanada com a decisão de Evo Morales de submeter a construção da estrada à consulta popular.

A polêmica em torno da via provocou a renúncia de dois ministros – da Defesa e do Governo (equivalente à Casa Civil no Brasil). Nesta terça (27), o presidente empossou os substitutos dos demissionários. Os novos ministros da Defesa, Ruben Soto Saavedra, e de Governo, Wilfredo Chávez, prestaram jutamento de lealdade e compromisso.

Bruno Apaza, da Central Obreira Boliviana, disse que os sindicatos aguardam uma resposta sobre as denúncias de agressões e desaparecimentos ocorridos no último domingo (25), quando houve o protesto dos indígenas.

Nesse sentido, ainda ontem, o presidente formou uma comissão especial nacional para apurar os fatos. Segundo Morales, tal comissão deve ser integrada por organismos internacionais, a Defensoria do Povo, de Direitos Humanos e outros órgãos, para que seja feita uma análise profunda. O presidente repudiou qualquer excesso que tenha sido cometido contra os povos originários. Ele disse que, como líder sul-americano, jamás instruiu esses excessos, que classificou de "imperdoáveis".

A estrada que tem motivado os protestos deve passar pela reserva de Tipnis (Território Indígena Parque Nacional Isidoro Sécure), ao lado do território brasileiro. A estimativa é que 13 mil pessoas, de diferentes comunidades indígenas, morem na região. Pelo plano, o percurso é de aproximadamente 300 quilômetros, a um custo aproximado de US$ 420 milhões, financiados com recursos brasileiros.

Segundo autoridades bolivianas, a rodovia é estratégica para o desenvolvimento do país. Os ativistas combatem a obra, alegando que favorece grupos econômicos e prejudica o meio ambiente.
No domingo, cerca de 500 policiais usaram gás lacrimogêneo para dispersar o protesto, que terminou com presos e denúncias de agressões. A marcha dos manifestantes contra a obra começou em 15 de agosto, em Trinidad (Departamento de Beni), com destino a La Paz, a capital.

Com agências