Organizações cobram julgamento de ex-ditador haitiano
Mais de oito meses após o retorno de Jean-Claude Duvalier ao Haiti, o ex-ditador do país caribenho permanece fora da prisão. Organizações sociais continuam a pressionar autoridades haitianas para que levem Duvalier a juízo por violações aos direitos humanos realizadas durante seu governo, de 1971 a 1986. Para reforçar o pedido de justiça, Anistia Internacional (AI) divulgou, nesta quinta-feira (22), um informe sobre os abusos promovidos pelo ex-presidente, também conhecido por "Baby Doc”.
Publicado 23/09/2011 13:28
No relatório You cannot kill the truth the case against Jean-Claude Duvalier ("Você não pode matar a verdade no caso contra Jean-Claude Duvalier”), a Anistia Internacional destaca as violações de direitos humanos promovidas por Baby Doc contra a população haitiana. Torturas, desaparecimentos forçado, mortes sob custódia, detenções arbitrárias e homicídios são alguns dos abusos ocorridos na gestão de Duvalier lembrados no relatório.
O documento de Anistia Internacional reforça o pedido de julgamento de Baby Doc já solicitado pela organização de direitos humanos. No dia 12 deste mês, AI pediu às autoridades haitianas para levar o ex-presidente a julgamento.
"Existem provas suficientes para processar Jean-Claude Duvalier pelas detenções arbitrárias, torturas, mortes sob custódia, homicídios e desaparições que ocorreram, de forma generalizada, durante seu governo, algumas das quais constituíram crimes contra a humanidade”, afirmou Javier Zúñiga, assessor especial da AI em comunicado divulgado pela organização.
No documento, o assessor da entidade defensora dos direitos humanos ainda lembrou que Michel Martelly, atual mandatário do país, tem o dever de levar a julgamento os responsáveis pelos crimes cometidos durante o governo de Duvalier. "O que falta é vontade política por parte do novo governo do Haiti para cumprir com suas obrigações internacionais e com seu dever diante dos sobreviventes e das vítimas dos abusos”, denunciou.
Baby Doc
Jean-Claude Duvalier, também chamado de Baby Doc, retornou ao Haiti em janeiro passado, após 25 anos de exílio na França, país para onde foi depois de ter sido deposto pela população haitiana. O ex-presidente governou o país caribenho de 1971 a 1986.
O regime, herdado do pai, Francois "Papa Doc” Duvalier, foi marcado por detenções arbitrárias, torturas, homicídios e desaparecimento de pessoas contrárias ao governo. Autoridades haitianas também acusam Baby Doc de desvio de dinheiro público e má administração. Atualmente com 60 anos de idade e com saúde fraca, Duvalier segue em liberdade no país.
O informe divulgado hoje por Anistia Internacional pode ser lido (em inglês) em: https://doc.es.amnesty.org/cgi-in/ai/BRSCGI?CMD=VERDOC&BASE=SIAI&SORT=-FPUB&DOCR=1&RNG=10&SEPARADOR=&&INAI=AMR3600711
Fonte: Adital