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Dilma defende reforma da ONU

A presidente Dilma Rousseff encerrou agora há pouco seu discurso de abertura da 66ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. Ela externou a preocupação com o equilíbrio econômico internacional, diante da crise, com a manutenção do desenvolvimento social e com a questão ambiental. Falou também sobre a candidatura do Brasil como membro permanente no Conselho de Segurança e da nessidade de uma reforma do organismo. Ressaltou que é chegada a hora do reconhecimento do Estado palestino.

Dilma na ONU

“Quero estender ao Sudão do Sul as boas vindas à nossa família de nações. O Brasil está pronto a cooperar com o mais jovem membro das Nações Unidas e contribuir para seu desenvolvimento soberano. Mas lamento ainda não poder saudar, desta tribuna, o ingresso pleno da Palestina na Organização das Nações Unidas [ONU]. O Brasil já reconhece o Estado palestino como tal, nas fronteiras de 1967, de forma consistente com as resoluções das Nações Unidas. Assim como a maioria dos países nesta Assembleia, acreditamos que é chegado o momento de termos a Palestina aqui representada a pleno título”, declarou, sendo aplaudida pela plateia, formada por líderes de todo o mundo. O assunto será amplamente debatido durante o encontro que acontece em Nova York, nos Estados Unidos.

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Em outros momentos Dilma também foi aplaudida, como quando falou sobre a necessidade de reforma do Conselho de Segurança da ONU. ”Muito se fala sobre a responsabilidade em proteger, mas pouco se fala sobre a responsabilidade ao proteger. O Conselho de Segurança tem que ter legitimidade em suas ações, por isso a necessidade de sua reforma”, disse.

Depois, para ilustrar o tema sobre a condução no processo de segurança mundial, citou as manifestações populares que vêm ocorrendo, desde o final de 2010, nos países árabes, conhecidas como Primavera Árabe. "É preciso que as Nações Unidas encontrem uma forma legítima de atuar, sem retirar a autonomia dos países e seus cidadãos na condução do progresso”, reforçou.

Em seguida, abordou a candidatura do Brasil ao Conselho de Segurança , afirmando que o país está pronto para assumir suas responsabilidades como membro permanente no organismo. Lembrou que o país vem atuando de maneira responsável na cooperação com países vizinhos como o Haiti, e que tem como base sua própria história de luta pela democracia.

Com relação aos direitos humanos, enfatizou: “O autoritarismo, a xenofobia, a pena capital, a discriminação. Todos são algozes dos direitos humanos”. Em outro momento, lembrou que sofreu tortura no cárcere e que, por isso, sabe como são importantes os valores da democracia, da justiça, dos direitos humanos e da liberdade. Ela lembrou também da atuação brasileira na busca pela preservação do clima no planeta, adotando fontes de energia renovável e convocou líderes para participar da Rio+20, que acontecerá no País, em junho de 2012.

Gênero

A presidente abordou o fato de ser a primeira mulher a abrir uma Assembleia Geral da ONU ao início de seu discurso, enfatizando que este será o século das mulheres, e em seu encerramento, falando das conquistas sociais no Brasil e dos programas nessa área que priorizam a figura da mulher na condução da família.

“Além do meu querido Brasil, sinto-me, aqui, representando todas as mulheres do mundo. As mulheres anônimas, aquelas que passam fome e não podem dar de comer aos seus filhos; aquelas que padecem de doenças e não podem se tratar; aquelas que sofrem violência e são discriminadas no emprego, na sociedade e na vida familiar; aquelas cujo trabalho no lar cria as gerações futuras”, declarou Dilma.

Crise

A crise econômica foi o primeiro assunto abordado no discurso de abertura. A presidente brasileira ponderou que a prioridade deve ser a busca por soluções para os “países em crise com a dívida soberana”, a partir da integração entre os órgãos multilaterais (ONU, G-20, FMI, por exemplo). Observou, ainda, que se trata de uma crise “que é ao mesmo tempo econômica, de governança e de coordenação política”.

“Não haverá a retomada da confiança e do crescimento enquanto não se intensificarem os esforços de coordenação entre os países integrantes da ONU e as demais instituições multilaterais, como o G-20, o Fundo Monetário, o Banco Mundial e outros organismos. A ONU e essas organizações precisam emitir, com a máxima urgência, sinais claros de coesão política e de coordenação macroeconômica”, disse.

Dilma Rousseff reforçou que os países desenvolvidos devem estimular seus mercados internos e flexibilizar suas políticas cambiais, quando necessário, para cooperar com o reequilíbrio. “Urge aprofundar a regulamentação do sistema financeiro e controlar essa fonte inesgotável de instabilidade. É preciso impor controles à guerra cambial, com a adoção de regimes de câmbio flutuante. Trata-se, senhoras e senhores, de impedir a manipulação do câmbio tanto por políticas monetárias excessivamente expansionistas como pelo artifício do câmbio fixo”, afirmou.

Em seguida, sugeriu que as instituições financeiras multilaterais devem passar por reformas e aumentar a participação dos países emergentes, principais atores no crescimento da economia mundial. Ao final, disse que o Brasil está fazendo a sua parte.

Deborah Moreira, da redação do Vermelho