Netinho organiza debate sobre o samba em São Paulo

O seminário reuniu profissionais do samba, representantes de órgãos públicos e sociedade organizada para discutir a importância do samba para a cidade de São Paulo, identificando seu espaço institucional, territorial e cultural no município.

Um dos temas do encontro foi a Cidade do Samba, que está sendo construída pela Prefeitura na Barra Funda e abrigará os barracões das 14 escolas de samba do Grupo Especial do Carnaval, que irão montar ali seus carros alegóricos. O local foi escolhido para facilitar o transporte das alegorias até o Sambódromo do Anhembi, na Zona Norte. O projeto foi apresentado no encontro por Luiz Sales – Diretor de Ações Estratégicas e Comunicação da São Paulo Turismo.

O projeto também busca eliminar problemas que afligem as escolas, como a falta de estruturas adequadas, já que algumas delas estão localizadas sob viadutos da cidade com instalações precárias e insalubres.

O programa de regularização das áreas públicas cedidas pela prefeitura de São Paulo às escolas de samba é objeto de uma ação do Ministério Público. O MP quer a retirada de todo o material inflamável das áreas ocupadas pelas escolas de samba e agremiações carnavalescas, como quadras ou barracões instalados embaixo de viadutos, pontes e elevados, a implantação de equipamentos de segurança, sob a supervisão do Departamento de Controle e Uso de Imóveis, nas quadras e barracões e pede que seja feita a regularização da ocupação de áreas pelas escolas de samba e agremiações carnavalescas.

Para as escolas, o tema merece ainda muita discussão, especialmente porque as agremiações realizam em suas regiões de atuação uma série de ações sociais voltadas à comunidade como escolinhas de futebol e de música, reunindo jovens e dando a eles uma oportunidade de aprendizado e participação social.
Segundo Netinho, a iniciativa da Cidade do Samba demonstra que o samba está ocupando mais espaço na pauta de nossa cidade, mas ainda há muito a ser feito. “Isso significa que a cidade está começando a ver o samba como parte de nossa economia. Mas temos que continuar avançando para que isso aconteça efetivamente, para que o samba tenha o respeito que merece, porque, até agora, o samba tem vivido de migalhas.”

O vereador propôs que as escolas de samba participem das ações que serão implementadas pela Secretaria Especial da Copa no que diz respeito aos treinamentos de capacitação.

Quanto à questão do Ministério Público, Netinho sugeriu que seja feita uma audiência pública na Câmara Municipal, com a participação do MP, para discutir o assunto com mais profundidade.

O seminário teve como debatedores Carlos Augusto Machado Calil – Secretário Municipal de Cultura; Luiz Sales – Diretor de Ações Estratégicas e Comunicação da São Paulo Turismo; Ronaldo Souza Camargo – Secretário Municipal das Subprefeituras; Kaxitu Ricardo Campos – Presidente da União das Escolas de Samba Paulistanas; Paulo Sérgio Ferreira – Presidente da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo e Moisés da Rocha – produtor cultural (O Samba Pede Passagem).
Para Moisés da Rocha, é preciso reconhecer o trabalho das agremiações e entidades não só no Carnaval, mas durante todo o ano. “O Carnaval é produto de uma criação coletiva da comunidade. A gente trabalha o ano inteiro e a Prefeitura conhece a nossa realidade.”

Osvaldinho da Cuica, um dos mais tradicionais e respeitados nomes do samba em São Paulo, aprovou a iniciativa do seminário. “Há muito preconceito contra o samba, por isso é muito bom que a gente tenha mais seminários como este. O que eu quero mesmo é ver mais atenção ao samba pelos organismos públicos.”