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Visita de Sarkozy e Cameron à Líbia assinala divisão de butim

O presidente francês, Nicolás Sarkozy, e o premiê britânico, David Cameron, fizeram uma rápida visita nesta nesta quinta-feira (15) à Líbia, usando a estadia para expressar apoio à liderança das forças leais à Otan. Os agressores ainda não controlam o território líbio de forma total, apesar de contar com o reforço irrestrito das forças militares da Otan.

A visita de Sarkozy e Cameron levou um batalhão de repórteres à capital do país, Trípoli, que cobriram a primeira visita de mandatários de dois países beligerantes que abriram fogo contra a Líbia desde que a cidade foi tomada pelas forças leais à Otan em 21 de agosto.

Os dois líderes, cujos países lideram a agressão do Pacto Militar do Atlântico Norte (OTAN), caracterizada por bombardeios demolidores e indiscriminados bombardeios, se reuniram com dirigentes do chamado Conselho Nacional de Transição (CNT), que encabeça as forças leais à Otan, para apoiar a pretensão deles em formar um governo provisório.

Além de dialogar com o chefe do CNT, Mustafa Abdul Jalil, os mandatários viajaram em um helicóptero francês a uma região central para visitar um hospital e fazer discursos na Praça Verde, agora batizada como Praça dos Mártires.

Um porta-voz do CNT assegurou a jornalistas que os visitantes se deslocarão a Bengazi para reiterar suas ofertas de ajuda à prosperidade do que definem como "nova Líbia", promovendo suas próprias visões de liberdade, democracia e estabilidade.

A maioria dos dirigentes oposicionisas mudou-se para Trípoli, mas a estrutura de poder do CNT ainda permanece em Bengazi, por causa das suas limitações políticas e militares em dominar todo país.

Sarkozy foi anfitrião de uma denominada conferência de Amigos de Líbia, realizada em Paris em 1º de setembro e, em presença de líderes do CNT, foi feito um relatório com as supostas "necessidades" que o devastado país tem, além da primeira divisão entre os vencedores do que interessa na área daeconomia e dos investimentos.

De acordo com a opinião de especialistas consultados pela emissora catariana de televisão Al-Jazira, que aparentemente apoiam a agressão contra a Líbia, "França e Reino Unido tentam agora liderar o período de reconstrução da economia do país".

Para os correspondentes locais da Al-Jazira em LOndres e Paris, os dois líderes, além de pretenderem estabelecer relações mais estreitas com parte da liderança golpista líbia, pretendem faturar apoio junto ao eleitorado de seus países. Cameron compara seu sucesso na Líbia ao que Tony Blair obteve em relação ao Iraque.

Ao mesmo tempo, "Sarkozy procura aparecer o máximo possível em todas as oportunidades, vendo essa ação na Líbia como um meio de erguer do rés chão os seu nível de popularidade, extremamente baixo".

Os golpistas líbios cobriram paredes de Tripoli com grafites agradecendo a visita dos dois representantes europeus, mas procuraram negar que eles estivessem no país somente para negociar o butim das riquezas líbias. No entanto, Abdeljalil chegou a afirmar que os aliados chaves receberão um tratamento preferencial no futuro.

"Como fiéis muçulmanos, apreciamos os esforços dessas nações [Frnaça e Reino Unido] e elas terão a prioridade, dentro de um quadro de transparência", afirmou.

Terrorismo e destruição

Durante a breve estada, os líderes ocidentais afirmaram que vão retirar progressivamente as sanções impostas a Líbia, e reafirmaram também que serão mantidos os bombardeios da OTAN contra o que restou do exército líbio, em Bani Walid, Sirte e Sabha.

Na quarta-feira, o líder líbio deposto pelas forças leais à Ota, Muamar Kadafi, afirmou em uma declaração levada ao ar pela emissora de televisão síria Ar Rai, que a Otan é a responsável direta pelo terrorismo e pela destruição que assolaram o país nos últimos seis meses.

"Se Sirte foi isolada do mundo para que possam ser cometidas atrocidades contra sua população, o mundo tem a obrigação de não deixá-la isolada", declarou. "O terrorismo e a destruição praticados pela Aliança Atlântica na região de Sirte são indescritíveis", afirmou.

Por sua vez, os países da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (ALBA) manifestaram à ONU seu repúdio à possibilidade que o governo ilegítimo no poder em Trípoli ocupe o assento da Líbia na próxima Assembleia Geral das Nações Unidas, por meio de uma carta ao seu presidente.

Com agências