Luís Nassif: Sonhando um novo Brasil
Na tarde de ontem (15), no auditório do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), o ex-Ministro do Planejamento João Paulo dos Reis Velloso deu início a mais um Fórum Nacional, referência anual de discussão dos grandes temas nacionais.
Publicado 15/09/2011 12:19
Na seção de abertura, Velloso propôs um desafio. Lembrou que três grandes saltos brasileiros se deram no bojo de grandes crises mundiais: a de 1929, que resultou na era Vargas, a era JK (no rastro de problemas cambiais) e a era Geisel, que se seguiu à crise do petróleo em 1973.
Em sua opinião, a atual crise global abre uma janela de oportunidade para um novo modelo de desenvolvimento, assim como em 1929, quando a quebra da agricultura permitiu o início da industrialização. A crise destruiu o modelo agroexportador. De 1931 em diante o produto industrial voltou a crescer e de 1932 a 1939 o ritmo foi de 10% ao ano.
A crise de 1973 destruiu o modelo que havia viabilizado o “milagre”, devido às vulnerabilidades estruturais, especialmente a dependência de insumos importados. A era Geisel completou o desenho industrial nessas áreas críticas.
A primeira parte do trabalho detalha as raízes da crise global nos países centrais: a falta de liderança política, a crise do seu modelo econômico-social, do sistema financeiro global, a falta de perspectivas de desenvolvimento e a crise fiscal. Some-se o novo papel das redes sociais, crescendo no vácuo político dos países, a dificuldade de assimilação das minorias, tudo isso gerando um quadro não apenas de estagnação imediata como de falta de perspectivas.
A partir daí, o trabalho desenvolve propostas para novos modelos para o Brasil.
Primeiro, identifica três problemas macro: a questão política, um Estado que gasta demais e o fato de dispor de dez grandes oportunidades estratégicas e não saber como aproveitá-las.
Para chegar a novos resultados, diz Velloso há a necessidade de uma mudança histórica no modelo de desenvolvimento, conduzida em três pernas principais: ajuste fiscal de longo prazo (e reindustrialização), investimento no PIB verde (agricultura, mineração, indústria e serviços verdes) e na economia do conhecimento.
Finalmente, chega às dez oportunidades:
Universalização da inovação.
Ttransformação da economia, montando complexos industriais em torno do pré-sal.
Nova matriz energética aumentando a participação da energia elétrica e avançando em transporte público sobre trilhos.
Em paralelo com biocombustíveis, implantação do carro elétrico.
Uso da biotecnologia para desenvolver a biodiversidade brasileira.
Uso do modelo escandinavo para construir grandes complexos industriais em tornos dos setores intensivos em recursos naturais.
Novas tecnologias de combustíveis, como o etanol celulósico.
Transformação do país em terceiro ou quarto centro global de Tecnologias de Informação e Comunicações (Ticos).
Desenvolvimento da eletrônica orgânica.
Desenvolvimento das indústrias criativas (cultura, artes, entretenimento e turismo).
Velloso sintetiza o Brasil desenvolvido como fruto de educação de qualidade, economia do conhecimento. Defende também um modelo de desenvolvimento com grande geração de empregos. E define como segredo, como “arma secreta” o espírito empresarial, acoplada a estratégias de desenvolvimento social.
Fonte: Blog do Nassif