Andrea Oliveira: Seu Victor Ribeiro, poeta comunista!

Por *Andrea Oliveira

O gosto ruim do mês de agosto parece ter impregnado os ares primaveris de setembro. Não bastasse nós, comunistas cearenses, termos perdido nosso militante-poeta Chico Passeata, temos agora que conviver com a ausência, desde o ultimo sábado (03), de nosso querido e também poeta-amante-das-palavras, seu Victor Ribeiro Neto.

Homem simples, filho de Acopiara, seu Victor, nascido em 1922, era todo orgulho ao lembrar sempre a feliz coincidência de ter nascido no mesmo ano em que foi fundado o Partido Comunista do Brasil. "Assim como o PCdoB, partido mais antigo do Brasil, também defendo a coletividade", disse certa vez em entrevista ao Portal Vermelho.

Em 1942, veio morar em Fortaleza e foi um dos primeiros moradores do bairro José Walter, tendo sido também durante muitos anos, funcionário do Ministério da Agricultura. Na capital, seu Victor constituiu família, viu nascer seus 14 filhos e mais tarde 7 netos e uma bisneta. Homem de grande sabedoria buscou a literatura, que afirmava ser revolucionária. Era poeta. Com dificuldade, mas grande disposição, imortalizou em livros suas letras e sempre que podia falava aos mais jovens dessa paixão.

Nessa sabedoria coube também a militância partidária. Era homem de partido e nos deixou sendo membro atuante do Comitê Municipal de Fortaleza. "Sinto-me muito a vontade aqui, pois gosto da postura que o partido tem em relação aos filiados e à coletividade. No partido não se pensa só no hoje, mas no futuro".

Em 2009, participou como garoto propaganda da campanha realizada pelo PCdoB cearense em prol da aquisição da sede própria e mesmo com seu dinheirinho contado fez questão de comprar um convite para o jantar que levantaria fundos para o projeto. "Quem pudesse investir deveria comprar era de 10 ingressos, como não posso fiz questão de comprar o meu, não deixei de participar", disse na ocasião.

Seu Victor era assim, grande demais. Partiu tranquilo, com seu dever muito bem cumprido. Que nosso partido possa sempre guardar na sua memória revolucionária a força de vontade desse militante das causas populares. Que as novas gerações o vejam como honrado comunista que foi. Até o fim, ativo da forma como encontrou para ser "gostaria de fazer mais pelo Partido, mas procuro me integrar como posso nas ações realizadas por ele". Tinha 89 anos e era novo de ideias e revolucionário como o partido que escolheu para lutar por um mundo melhor.

Seu Victor, presente!


*Andrea Oliveira é acadêmica de Jornalismo na Fac e membro da Secretaria Estadual de Comunicação do PCdoB/CE