Senador Inácio Arruda: "Clube dos 13? Esta é a vez do clube 65"
O homem da luta do povo. É assim que o senador Inácio Arruda, 55, é conhecido em Fortaleza, a terra-berço, desde que deu start – nos anos 1980 – à militância política na associação de moradores de seu bairro – o Dias Macedo – e, depois, no papel de presidente da Federação de Bairros e Favelas de Fortaleza. Filiado ao PCdoB desde 1981, onde permanece até hoje, Arruda foi eleito vereador de Fortaleza, deputado estadual e federal.
Publicado 22/08/2011 11:49
No DF ou em Fortaleza, Inácio marca seus mandatos pela presença assídua e destacada nas mobilizações populares e por uma intensa e criativa atuação em plenário. É de sua autoria, por exemplo, a Proposta de Emenda à Constituição que reduz a jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais. É, ainda, autor do substitutivo da Lei do Estatuto da Cidade. Inácio Arruda duelou pela prefeitura da capital em 2000 e em 2004 e foi eleito senador da República com quase dois milhões de votos – o primeiro senador comunista depois de Luís Carlos Prestes, em 1946.
No decorrer desse longo tempo na Câmara Federal e na Câmara Alta, ele compõe a lista dos 100 parlamentares mais influentes no Congresso Nacional escolhidos pelo Diap – Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar. Sobre o momento pré-sucessório de agora, antecipa que sua sigla está preparando um projeto para a cidade. E quanto aos que farpeiam legendas emergentes como o PSD, declara que “os conservadores têm sede do bipartidarismo norte-americano, mas o progresso dá-se com ampla vida partidária. Quanto mais liberdade, melhor para o eleitor escolher os diversos matizes, os diversos pensamentos e projetos”.
Com referência aos poderes Lula da Silva e Dilma Rousseff, diz que “eles são diferentes, mas o projeto em curso tem o mesmo sentido”. Indago se Lula mereceria o terceiro mandato e Inácio responde que sim. E, passando para a vida pessoal, com todas as suas atribuições, ele não se descuida da família. Casado com a médica Teresinha Braga Monte, é o papai amoroso e devotado de Nara, Vitor e Clara, dedicando, sempre, todas as suas poucas horas livres à família.
Sonia Pinheiro: Qual a sua impressão do quadro pré-sucessório de Fortaleza?
Inácio Arruda: As forças políticas estão se posicionando e apresentando seus projetos, o que é muito bom para o eleitorado da capital.
Sonia Pinheiro: Você é candidato à sucessão de Luizianne Lins?
IA: Fortaleza está presente em nossos desejos. O PCdoB está preparando um projeto para a cidade.
Sonia Pinheiro: O que diz do chamado Clube dos 13?
IA: Minha opinião é que esta é a vez do Clube 65.
Sonia Pinheiro: Como vê a guerrilha high-tech – ou seja, via Twitter – do premier cidista Arialdo Pinho com a prefeita Luizianne Lins?
IA: A divergência é salutar, fortalece a democracia.
Sonia Pinheiro: Depois do Senado – seu mandato expira em 2014 – qual o passo adiante?
IA: 2014 está um pouco distante. No momento, estamos elaborando o projeto eleitoral do PCdoB para 2012.
Sonia Pinheiro: Você, que sempre foi fiel ao PCdoB, como analisa siglas emergentes como o PSD?
IA: A ampla liberdade partidária é uma conquista da democracia brasileira. O centro da democracia é o eleitor. Os conservadores têm sede do bipartidarismo norte-americano. Mas o progresso social tem se dado com ampla vida partidária. Quanto mais liberdade, melhor para o eleitor escolher os diversos matizes, os diversos pensamentos e projetos.
Sonia Pinheiro: A propósito, acha que a bandeira comunista tem a expressão e o apelo de antes?
IA: A bandeira do PCdoB é bonita! O Partido tem crescido a cada eleição. Disputamos para governo de estado, prefeituras, legislativos municipais, estaduais e federais. Ao ouvir e conhecer nossas propostas, os eleitores têm tido uma visão positiva, que nos permitiu eleger 15 deputados e dois senadores para o Congresso, vereadores, deputados estaduais e prefeitos.
Sonia Pinheiro: Como traduziria – em rápidas pinceladas – os poderes Lula da Silva e Dilma Rousseff?
IA: Eles são diferentes, mas o projeto em curso tem o mesmo sentido. Com o governo Lula, o Brasil retomou o crescimento, ficou de pé. É só olhar a retomada das ferrovias, da indústria naval… O crescimento das universidades, a expansão do ensino técnico federal, que geraram mais de um milhão de vagas. Isso afeta positivamente a vida das pessoas. Por isso podemos sair da crise numa situação ainda melhor.
Sonia Pinheiro: Lula mereceria um terceiro mandato?
IA: Sim. Lula superou todas as expectativas. Mostrou grande capacidade e, se postular novo mandato, tem muito crédito junto ao povo, ao país.
Sonia Pinheiro: O que diria, hoje, de Barack Obama? Se fosse eleitor nos EUA votaria nele?
IA: A eleição de Barack Obama simbolizou uma grande esperança para o povo dos EUA. O eleitorado norte-americano vive uma situação difícil. Os norte-americanos precisam sair da camisa de força imposta pelo bipartidarismo. Talvez a realidade os inspire.
Sonia Pinheiro: Que fase de sua vida política lhe traz mais saudades, ou o presente é, sempre, mais importante?
IA: Quando você olha em torno, percebe quantas coisas têm a ser feitas. Sente um pouco de ansiedade pelo futuro, pelos novos desafios.
Sonia Pinheiro: Como é o relax de Inácio Arruda?
IA: Estar com a família e os amigos é sempre um imenso prazer. Sempre que posso, vejo futebol, principalmente pela TV, com a família. O quintal da mamãe é um dos lugares mais visitados.
Sonia Pinheiro: Gosta de cinema, teatro, TV? E suas leituras favoritas – jornais, livros e revistas?
IA: Gosto de tudo, mas o que mais me dá prazer são os livros, em especial de história, biografia de grandes figuras, livros de economia do Inácio Rangel, Celso Furtado, os romances do Jorge Amado, as obras do Manoel de Barros, do Lira Neto, do Fernando Moraes. Um dos últimos livros que li, e gostei muito, foi a História Militar do Brasil, do Nelson Werneck Sodré.
Sonia Pinheiro: Quem é seu ícone político?
IA: São muitos, com destaque para Celso Furtado, Darci Ribeiro, Maria da Conceição Tavares e João Amazonas.
Sonia Pinheiro: Inácio Arruda está mais bonito e elegante… Brasília lhe ensinou a vaidade?
IA: Só posso agradecer o elogio.
Fonte: O Povo