Trabalhadores da Construção Civil denunciam acidentes de trabalho

Cerca de mil trabalhadores, dos diversos canteiros de obras de Fortaleza, reuniram-se nesta sexta-feira (19/08) pela Jornada Nacional de Lutas da CSP/Conlutas e denunciaram os acidentes de trabalho e mortes nos canteiros de obras da cidade.

O Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil da Região Metropolitana de Fortaleza, o Sindicato dos Rodoviários do Ceará e o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Confecção Feminina e Moda Intima de Fortaleza, além de professores e estudantes ligados à Assembleia Nacional de Estudantes Livres, também participaram do ato.

Dez outdoors denunciando a morte de 16 operários em acidentes de trabalho, que aconteceram de janeiro a julho deste ano, estão espalhados em diversos locais da cidade. O material que convocou a jornada lançou a campanha: Chega de mortes nas obras!

“Tivemos duas mortes na Integral da Avenida Beira Mar: uma de um Técnico de Segurança e outra de um operário, mas a obra só liberou os trabalhadores para o enterro do Técnico e os trabalhadores não puderam ir também ao enterro do operário”, denunciou Francisco Gonçalves, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil da Região Metropolitana de Fortaleza (STICCRMF).

Procuradoria Regional do Trabalho

Os trabalhadores se concentraram na Praça Bosque Eudoro Corrêa, na Avenida Desembargador Moreira e seguiram em passeata pela Avenida Padre Antônio Tomás em direção à Procuradoria Regional do Trabalho da 7ª Região. Durante o percurso, a passeata encontrou outra mobilização que vinha da região do Cocó para seguir em direção à Procuradoria Regional do Trabalho (PRT).

Uma comissão formada por diretores do sindicato e cipeiros foi recebida pelo Procurador-Chefe Nicodemos Fabrício Maia, e os procuradores Carlos Leonardo Holanda Silva e Francisco José Parente Vasconcelos Júnior.

A comissão pode participar do seminário da PRT sobre acidentes de trabalho, que acontecia naquele momento e pediu aos procuradores que tomassem medidas para impedir as mortes de trabalhadores nos canteiros. A Ordem dos Advogados do Brasil e a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), também estiveram presentes no evento.

Para Nestor Bezerra, Coordenador Geral do STICCRMF, o ato foi vitorioso. “Conseguimos o objetivo de mobilizara a categoria para a prevenção dos acidentes de trabalho e informamos à Procuradoria que, se morrerem mais trabalhadores vítimas de acidentes, haverá mais paralisações na cidade”.

Jornada Nacional

A CSP/Conlutas continua a jornada de lutas. Os sindicatos filiados à C central devem enviar representantes para o ato nacional que acontece no dia 24 de agosto, em Brasília.

Para o diretor da Central, José Batista, o ato serviu para denunciar as péssimas condições de trabalho desses operários e demonstrou a força da Jornada Nacional de Lutas. “Agora a CSP/Conlutas irá entregar a Presidenta Dilma Rousseff uma pauta de reivindicação exigindo, dentre outras bandeiras, o fim dos acidentes nas obras”.

SINDUSCON

Segundo informação da direção do STICCRMF, os trabalhadores denunciaram que Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (SINDUSCON/CE) lançou uma nota contra a atividade e tentou intimidar com o aviso do desconto do dia trabalhado e da Participação dos Lucros e Resultados (PLR). Na empresa Integral Engenharia, os trabalhadores informaram que a empresa descontaria quatro dias, o que não está previsto na convenção.

Para Laercio Clayton, diretor do STICCRMF, essa intimidação por parte da patronal, serve para que a sociedade não saiba o que está acontecendo nos canteiros. “É uma vergonha que ela não tenha solidariedade com a vida de 16 trabalhadores”.

Fonte: Blog Voz do Peão