Greve dos Professores: Após reunião, acordo é descartado
Palácio da Abolição afirma que só reinicia negociação quando os professores estaduais encerrarem a greve que já dura oito dias. Hoje, categoria deve deliberar que greve irá continuar enquanto o Governo não ceder.
Publicado 12/08/2011 10:26 | Editado 04/03/2020 16:31
Sem acordo entre as partes, a greve dos professores da rede estadual de ensino deve continuar. Após uma reunião da manhã da última quinta-feira (11), entre representantes do Ministério Público (MP), do Sindicato dos Professores do Estado do Ceará (Apeoc) e da Secretaria da Educação (Seduc), numa tentativa de reaproximação, a possibilidade de acordo foi descartada.
Por um lado, o Governo do Estado afirma que só retoma as negociações se a greve for suspensa. Por outro, a Apeoc defende que a retomada do processo de negociação não pode ser vinculada à suspensão da greve, iniciada com o objetivo de provocar as negociações com o Governo. O comando de greve do sindicato defenderá hoje, em assembleia geral da categoria, a continuidade da greve, que já dura oito dias.
Por meio de nota, a Seduc informou que concordou em prosseguir com as negociações, não enviando a proposta formulada pelo Governo e rejeitada pela categoria à Assembleia Legislativa, onde passará pelo crivo dos deputados, desde que a greve seja suspensa e que as atividades escolares sejam normalizadas.
A Secretaria alega que a proposta apresentada pelo Governo aumenta a atratividade e valorização inicial da carreira, “corrigindo uma distorção histórica reivindicada pela categoria”. De acordo com a nota, o salário inicial dos docentes terá um incremento de 36,9%, em relação ao salário atual, o que beneficiaria 15.600 dos 25 mil professores ativos estatutários e temporários.
Enquanto os professores se dizem “destruídos” pela proposta apresentada no último dia 28 de julho pelo governador Cid Gomes (PSB), o chefe do Executivo estadual alega que a greve dos professores é uma “postura extrema”. “Ao meu juízo (greve) é justificável quando não há diálogo, quando não há entendimento. Não tem sido essa a postura do Governo do Estado”, afirmou Cid na última terça-feira.
Prejuízo
Segundo o vice-presidente da Apeoc, Reginaldo Pinheiro, a proposta representa um “prejuízo” para os docentes, pois não atende a todos os níveis acadêmicos. “Queremos a aplicação da lei do piso na atual carreira do magistério. Não numa nova tabela, como propõe o Governo. Essa proposta causará um esvaziamento da carreira do magistério”, afirmou.
Segundo Reginaldo, a greve só será suspensa caso o governador Cid Gomes (PSB) reabra um canal de negociação com os professores. “Foi ele quem encerrou a negociação, quando decidiu enviar a proposta para a Assembleia, sem negociar. Eles devem respeito nosso direito legítimo de greve”, concluiu.
Reuniões
Fora a reunião realizada nesta quinta-feira, outro encontro também aconteceu entre as partes visando acordo para o fim da greve. Na última terça-feira (09), houve também outra tentativa de terminar a paralisação que já dura oito dias. O Sindicato Apeoc, na luta pela readequação do Plano de Carreira dos Professores com base na Lei do Piso Nacional do Magistério, buscou nos encontros no Ministério Público a reabertura de negociação com o Governo.
Nas audiências, solicitadas pelo Sindicato, os representantes do Governo insistiram na suspensão da greve dos professores para que haja o retorno das negociações. O presidente do Sindicato, professor Anízio Melo, citou condições indispensáveis para a volta do processo de negociação com o Governo, dentre elas o retorno ao processo de negociação sem o condicionamento de suspensão de greve; a suspensão das ameaças e pressões aos professores em greve, principalmente aos professores temporários, probatórios, e nas escolas profissionalizantes; retroatividade a junho de 2011 dos resultados da negociação; comprometimento da entidade de levar o resultado da mediação do Ministério Público ao comando de greve para a assembleia geral.
Fonte: O Povo e Sindicato Apeoc