Dilma faz primeira visita ao Ceará como Presidenta da República
A presidenta Dilma Rousseff esteve nesta quinta-feira (11/08) no Ceará em sua primeira visita como chefe do Executivo Nacional. Em sua agenda oficial, Dilma Rousseff deu entrevista coletiva à emissoras de rádios locais, inaugurou obras estruturantes no Pecém e em Pacajus, municípios da Região Metropolitana de Fortaleza, e comentou assuntos atuais importantes como o andamento das obras para a Copa de 2014 e a crise financeira que assusta o mundo.
Publicado 12/08/2011 12:10 | Editado 04/03/2020 16:31
Pela primeira vez em visita ao Estado como presidenta, Dilma destacou que tem “uma grande responsabilidade” quando vem ao Ceará. “Sei que vocês majoritariamente me deram o voto, a confiança e o apoio de vocês”, justificou acrescentando que vai fazer por onde retribuir o crédito dos cearenses.
As atividades foram iniciadas com uma entrevista coletiva para emissoras de rádios locais. Crise econômica, situação das estradas federais no Ceará e queda nas pesquisas foram temas abordados pelos jornalistas.
Estradas do Ceará
Em meio à crise que envolve denúncias de corrupção que afeta a cúpula de ministérios do Governo Federal, a presidenta afirmou que o governador Cid Gomes (PSB) tinha razão ao reclamar do estado de conservação das BRs, críticas que acirraram o clima entre o chefe do Executivo estadual e o então ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento. Antes, porém, ressaltou que "a responsabilidade do que ocorre no Ministério dos Transportes ou no governo federal não é do governador Cid Gomes. Um esclarecimento". A presidente garante que o governo está empenhado em recuperar as estradas. "Nós reconhecemos que o governador tinha razão. O estado das rodovias federais era extremamente precário e tomamos as providências para que isso comece a se alterar totalmente", disse.
Dilma Rousseff adiantou que os contratos firmados para recuperação da BR-222, onde o governador realizou um rally, contemplam mais de 160 quilômetros. "Do quilômetro 64 ao 228, nós teremos que incluir pontes e correção do traçado em curvas perigosas. E nós contrataremos tudo até o final do ano."
Desde que o governador teceu duras críticas ao então ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PR), praticamente toda a cúpula da pasta foi substituída pela presidente por conta de denúncias de desvios de verbas públicas.
Crise
Durante a coletiva, Dilma Rousseff afirmou que “o Brasil não vai enfrentar a crise com recessão”. Ela lembrou que de 2003 a maio de 2011, 39 milhões de brasileiros entraram na classe média. “Foi uma Argentina de novos consumidores, de empreendedores, de microempresários. É essa a saída para a turbulência que passamos agora”.
A presidente citou ainda que, em 2008, o País tinha US$ 220 bilhões em reservas internacionais e que, hoje, este montante chega a US$ 350 bilhões, cerca de 60% a mais. Quando o crédito secou, aquela época o governo detinha R$ 220 bilhões em depósitos compulsórios. Hoje, tem R$ 420 bilhões. “Somos um País capaz de ter uma atitude muito pró-ativa diante da crise”. “Nós não só nos defendemos, nós somos capazes de criar na crise as verdadeiras oportunidades que levarão o nosso país mais a frente.”
A presidente reforçou sua preocupação com a necessidade de proteger o mercado interno brasileiro, “que construímos a duras penas” diante da crise internacional. “Para isso precisamos das políticas sociais de resgate de renda e também de ir para o moderno, para o mais avançado”, pregou, ao citar o programa “Ciência Sem Fronteiras”, que vai patrocinar bolsas de estudos para jovens no exterior. “Pegar brasileiros, colocar no exterior, na melhor universidade, e fazer com que eles incorporem cultura, este é o futuro do Brasil.”
“A bolsa cai todo dia, há um processo de fragilidade na Europa com seus bancos, os Estados Unidos apresentam aquela cena insensata com aquela briga dentro do Congresso norte-americano para aumentar o teto da dívida, enfim, tem uma turbulência no mundo parecida com aquela que ocorreu em 2008 e 2009 e que tem raízes lá atrás, que é o fato de os bancos terem sido completamente desregulamentados”, avaliou.
"Nós vamos enfrentar a crise gerando emprego, assegurando a renda e defendendo o mercado interno", assinalou, apontando o projeto da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) como um exemplo dos empreendimentos que serão incentivados pelo governo federal nessa política.
Copa 2014
Sobre o andamento das obras para a Copa de 2014 no Brasil, Dilma acredita que o País vai conseguir concluir os estádios. “Eu tenho certeza de que o Brasil vai estar preparado em 2014 para fazer a melhor Copa do Mundo. Nós, junto com governadores e prefeitos de cidades da Copa, estamos tomando todas as providências para que isso aconteça”. Ela destacou que além das obras essenciais, como a construção de estádios e ampliação dos aeroportos mais congestionados, mais 50 obras seriam o “legado da Copa”, entre elas o Veículo Leve sobre Trilhos, as obras de infraestrutura e rede de transmissão de dados.
Pesquisas
A presidenta vê “com tranquilidade” a última pesquisa realizada pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), que indica queda na avaliação do seu governo. “Pesquisa a gente tem de tratar com respeito, mas não se pode pautar a ação do governo só pela pesquisa”, afirmou. “Pesquisa sobe, desce, e a gente vai tocando.”
Educação
Ainda durante a coletiva, Dilma anunciou que o Ceará ganhará mais seis unidades do instituto tecnológico federal e terá a interiorização de mais quatro campi universitários. O anúncio oficial da expansão da Rede Federal de Educação Superior e Profissional e Tecnológica, será na dia 16 de agosto de 2011, terça-feira, às 11h, no Palácio do Planalto, em Brasília. “O Ceará será um dos maiores beneficiados”, garante a presidenta.
Informações do gabinete do Senador Inácio Arruda (PCdoB), colhidas junto ao Ministério da Educação, indicam que as cidades cotadas para receber as novas unidades do IFCE seriam: Maranguape, Acopiara, Boa Viagem, Paracuru, Itapipoca e Horizonte. Quanto aos novos campi universitários, os municípios agraciados seriam: Russas e Juazeiro do Norte.
Dilma também garantiu que os estudantes cearenses participarão do programa Ciência Sem Fronteiras que dará bolsas de estudo no exterior para jovens brasileiros. “No Ceará, mais de cinco mil alunos se enquadram no critério de desempenho por mérito para participar do programa”.
Investir no Nordeste
Em visita à região portuária do Pecém, a presidenta inaugurou o início das obras de terraplenagem da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), da correia transportadora de minério de ferro do Complexo Industrial e Portuário e do Terminal de Múltiplo Uso (Tmut). Dilma destacou a importância de participar desse projeto estratégico não só para o Estado, mas para o Nordeste e Brasil.
A defesa do desenvolvimento nordestino também ganhou força nas palavras de Dilma, que afirmou que obras como a ampliação do Porto do Pecém, a siderúrgica e a refinaria são a prova da "construção de um novo Nordeste". A presidente afirmou que essas obras são um desafio contra a ideia fortemente enraizada de que o Nordeste não poderia ter uma siderúrgica ou um setor industrial forte. “É difícil lutar contra a inércia. Esses empreendimentos são a vitória sobre a inércia, sobre a submissão a um pensamento que não considerou olhar para a situação do Nordeste do País”.
Emprego e desenvolvimento
Durante a solenidade, Dilma lembrou que a usina cria várias oportunidades de emprego, principalmente para a indústria naval brasileira que, segundo Dilma, está sendo reconstruída. “Fomos a segunda do mundo na década de 80, com expertise maior que a de muitos países. Em 2003, quando o Governo Federal voltou a investir nesse setor, nos estaleiros só crescia grama”. O fortalecimento da indústria nacional foi várias vezes citado pela presidente que afirmou: “Não seremos um país prestador de serviço, mas uma nação que preserva a indústria, que cria siderúrgicas e refinarias”.
Saúde
Dilma falou de tudo um pouco, sobre o câncer e pressão alta, brincou com a plateia, esboçou alguns sorrisos, frisou a importância de mais parcerias e recursos entre os municípios para o sucesso dos consórcios.
De Fortaleza,
Carolina Campos