Ministro da Agricultura se defende de denúncias na Câmara
O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, na audiência realizada nesta quarta-feira (3), na Câmara dos Deputados, negou as acusações de corrupção e acusou o ex-dirigente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) Oscar Jucá Neto pelas acusações feitas à revista Veja. O ministro disse que as acusações eram fruto de “ressentimento” de Jucá Neto, demitido da Conab por ter feito uma transferência irregular de R$8 milhões no sistema da empresa estatal. Mas disse que não vai processá-lo.
Publicado 03/08/2011 16:01
“Não quero agravar as circunstâncias desagradáveis para o irmão de Jucá Neto ou para a sua família, embora tenha todos os elementos para processá-lo”, destacou Rossi. Jucá Neto, conhecido como Jucazinho, é irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). Segundo o ministro, Jucá Neto quis transformar um ato administrativo – a sua demissão por irregularidades – em questão política e “tentou colocar todo mundo no mesmo saco”.
O ministro confirmou que a indicação foi do senador Romero Jucá, mas ressalto que o senador tratou o episódio com “lisura e correção”. “Ele disse que era para fazer o que fosse necessário”, afirmou Rossi. “Não somos responsáveis pelo que nossos parentes fazem”, completou.
O ministro rebateu as acusações do ex-diretor da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) relativas a irregularidades em pagamento da estatal à empresa Caramuru Alimentos. Segundo o ministro, as acusações são mera “elucubração” do ex-diretor, que estaria “ressentido” com a demissão.
Jucá Neto disse à revista Veja que a Conab estaria protelando o repasse de R$14,9 milhões à gigante do mercado agrícola Caramuru Alimentos, referentes a dívidas contratuais. Segundo ele, representantes da Conab estariam negociando um acerto para aumentar o montante a ser pago para R$20 milhões. Desse total, R$ 5 milhões seriam repassados por fora a autoridades do ministério.
O ministro informou que o pagamento à Caramuru Alimentos foi objeto de decisão judicial que transitou em julgado em abril deste ano. “Os cálculos foram determinados pela Justiça e não pela Conab. Portanto, o pagamento a ser feito respeitará a determinação do juiz e não aquilo que um diretor da Conab, qualquer que seja ele, acredite ser possível fazer”, disse. “Nenhuma tentativa de antecipar este pagamento chegou a meu conhecimento. E, caso isso ocorresse, não se efetivaria”.
Rossi também negou outra denúncia feita por Jucá Neto, de que um terreno da Conab situado no Setor de Clubes Norte, em Brasília, foi vendido a uma pequena empresa por preço abaixo do valor de mercado. O comprador, Hanna Massouh, seria amigo e vizinho do senador Gim Argello (PTB-DF).
O ministro destacou que a avaliação feita pela Caixa Econômica Federal estipulou o preço do imóvel em R$8,030 milhões. O preço arrematado em concorrência pública foi de R$ 8,1 milhões. “A alegação de que o terreno foi vendido por um quarto do valor, como aponta Veja, é infundada”, disse o ministro. “Além disso, diferentemente do que informa a revista, a operação de venda do terreno não foi realizada durante a minha gestão”, completou.
O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, disse que as únicas denúncias feitas pela revista Veja que são procedentes em relação ao ministério referem-se a irregularidades cometidas pelo ex-diretor da Conab, Oscar Jucá Neto.
Oscar Jucá Neto foi demitido da Conab após apenas 10 dias de ter sido nomeado para o cargo, por ter sido responsabilizado pela transferência irregular de R$ 8 milhões no sistema da empresa estatal. Pelas normas da companhia, segundo o ministro, todo pagamento acima de R$50 mil deve ser encaminhado para avaliação da Advocacia-Geral da União (AGU), da diretoria colegiada da Conab e do Ministério da Agricultura, antes de ser liberado, e Oscar Jucá desobedeceu essa norma.
Wagner Rossi reiterou que todas essas informações foram colocadas à disposição da revista Veja, que, segundo ele, optou por ignorar as explicações.
De Brasília
Com Agência Câmara