Crise financeira volta a ameaçar a Espanha
Nos últimos dias, os rendimentos dos títulos soberanos espanhóis dispararam. Ontem, os papéis com prazo de dez anos ultrapassaram os 6% no mercado secundário. Isso implica um forte aumento do custo de refinanciamento de dívida antiga e de captação de dinheiro novo e coloca a Espanha como "bola da vez" da crise financeira, no mesmo caminho da Grécia, Irlanda e Portugal.
Publicado 03/08/2011 10:54
Com previsão de que sua dívida pública chegue a € 588 bilhões no fim do ano e PIB em torno de € 1 trilhão, a Espanha é a quarta maior economia da zona do euro. As consequências dessa crise são difíceis de calcular.
"Há uma espécie de processo de aceleração em curso", diz Edward Hugh, um economista de Barcelona que tem monitorado crises cada vez mais frequentes na zona do euro. "O que é perceptível é a rapidez com que a Espanha passou de [um rendimento para títulos de 10 anos de] 6% para cerca de 6,5%."
Investidores receberam mal o anúncio do primeiro-ministro José Luis Rodríguez Zapatero, de realização de uma eleição antecipada para novembro, mas a perspectiva de um rebaixamento de crédito dos EUA e indicadores de crescimento mais lento na Europa foram igualmente importantes.
Zapatero e seus ministros têm salientado que a carga da dívida pública da Espanha é muito mais leve do que a média na zona euro. No fim deste ano, a dívida pública espanhola deve chegar a 67% do PIB, em comparação com mais de 80% da Alemanha e da França ou 120% da Itália.
O calcanhar de aquiles espanhol é a exposição aos credores estrangeiros que ajudaram a financiar o boom imobiliário. Os bancos espanhóis têm encontrado dificuldade para se refinanciar nos mercados internacionais, exceto quando usam títulos do governo como garantia. Mas a Espanha já está mais ou menos a caminho de reduzir seu déficit orçamentário de 9,2% no ano passado para 6% do PIB neste ano.
Fonte: O Valor Econômico