Peru: Ollanta Humala assume hoje com grande expectativa
O líder nacionalista peruano Ollanta Humala assume nesta quinta (28) a Presidência do Peru, cerca de 11 anos depois de ter aparecido na cena política com uma rebelião militar simbólica, incruenta e de sentido democrático.
Publicado 28/07/2011 04:53
O ex-tenente-coronel do Exército, que se levantou no ano 2000 à frente de um punhado de soldados e reservistas na região sulista de Moquegua, iniciará seu mandato de cinco anos em meio a grande expectativa interna e externa.
As esperanças de mudanças para a inclusão social que prometeu se refletem em múltiplos pronunciamentos e comentários da imprensa sobre o que poderia ser a mensagem ao país que lerá no Congresso, depois de prestar juramento como chefe de Estado.
Sem o uniforme de campanha com o qual se tornou célebre quando se rebelou para exigir a renúncia do então presidente Alberto Fujimori, Humala exporá as linhas de sua administração e, segundo fontes próximas a seu gabinete, anunciará suas primeiras medidas de caráter social.
Mais maduro e experimentado do que o carismático oficial de traços mestiços andinos que há 11 anos exigia eleições livres e limpas e liberdades democráticas, Humala motiva também expectativas na região latino-americana, cenário de uma crescente e diversa tendência progressista.
Tais expectativas se expressam na presença de 14 chefes de Estado, entre eles a grande maioria dos governantes dos países da União de Nações da América do Sul (Unasul).
Somente dois deles estarão ausentes do acontecimento, os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e do Paraguai, Fernando Lugo, ambos contra sua vontade e por motivos de saúde.
Depois da posse de Humala, ele será anfitrião de uma Cúpula da Unasul e outra da Comunidade Andina de Nações, as prioridades de uma nova política exterior com ênfase na integração latino-americana sem distinções políticas nem ideológicas.
Entre as delegações convidadas, mais de uma centena, destaca-se a de Cuba, encabeçada pelo primeiro vice-presidente, José Ramón Machado Ventura, e o chanceler Bruno Rodríguez.
Em contraste com o importante acompanhamento externo ao acontecimento político, destaca-se pelo inusitado a ausência deliberada do presidente cessante, Alan Garcia, que alegou para não assistir à posse no Congreso o temor de ser vaiado pelos parlamentares, como já lhe ocorreu em 1990, ao terminar seu primeiro governo.
Garcia, que preferiu ler na noite de ontem uma mensagem pela televisão na qual defendeu sua controvertida gestão, apostou sempre na derrota eleitoral de Humala, a quem venceu a duras penas com grande apoio político e midiático conservador em 2006.
Desta vez a história não se repetiu, apesar de que novamente a grande maioria dos meios de comunicação e membros do governo cerraram fileiras com a conservadora Keiko Fujimori, derrotada por Humala em um segundo turno eleitoral, em 5 de junho passado.
A vitória e a presidência culminam uma carreira política iniciada há apenas seis anos, quando Humala, ao ir para a reserva do Exército, fundou o Partido Nacionalista, transformado para a grande eleição deste ano na Grande Aliança Nacionalista.
Manuel Robles Sosa, para Agência Prensa Latina