Jairo José Jr.: África em busca da rede
O jornalista Miguel Correia, em matéria na revista Brasil 21, nos oferece argumentos importantes em se tratando do atua estágio da utilização em África da rede mundial de computadores.
Por Jairo José Jr.*
Publicado 28/07/2011 16:01
A saber: a América do Norte, lidera com seus 77,4%, seguida da Oceania (61,3%), Europa (58,4%), América Latina (34,5%), a Região do Oriente Médio (29,8%) e a Ásia(21,5%).
Numa época em que o acesso a internet é contabilizada como um dos indicadores de comunicação, tida, como essencial ao desenvolvimento e ainda podendo ser um potente instrumento de inclusão social, a população africana convive , explicavelmente, com níveis abaixo de outros continentes.
Obviamente, como quase tudo em África, o acesso é muito desigual, não só entre países mais dentro de cada país. Distante ainda da Europa e da América do Norte, em vastas regiões da América Latina os Estados conseguem oferecer uma cobertura em todo o território. Em África, a maioria dos países disponibilizam, quando o fazem, apenas em suas áreas urbanas, restringindo desta forma o serviço a porcentagens significativas da população e contribuindo para assimetrias regionais”
Do nosso ponto de vista, o avanço existente em solo africano é considerável e a acessibilidade tem aumentado a olhos vistos e em um ritmo bastante intenso. Todos os países do continente têm ou apresentam programas ligados a área e ao objetivo de expandir a utilização desta ferramenta.
“Alguns países estão lançando programas de acesso à rede através de quiosques públicos em meio rural com ligação via satélites”, reconhece Miguel. Algo como as “lan houses” ou os “cybercafés” — que, apesar dos nomes estrangeiros, são bastante conhecidos no Brasil e se assemelham às tendas citadas acima.
Para se ter uma idéia, foi o continente africano que registrou o maior crescimento no acesso a rede nos anos de 2000 a 2010, com mais de 2,300% de acréscimo — muito acima da média mundial, que ficou no patamar de 440%. Dos quase um bilhão de habitantes, mais de 100 milhões utilizam os serviços.
O Banco Mundial considera — e temos razões para crer — que a velocidade no crescimento de acessos à rede é essencial para o desenvolvimento das economias. Em estudo recente, sublinhou o banco que um aumento de 10% no acesso a internet de banda larga significa um crescimento econômico no continente de 1,3%.
Hoje há grandes empresas de call centers (os famosos telemarketing, aqui no Brasil) nos países africanos de língua inglesa, como África do Sul, Quênia e Uganda. Salários baixos e incentivos para lá de fiscais são atrativos para as multinacionais se instalarem por lá.
O panorama nos países do Palop (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) é ainda mais animador. Cabo Verde, por exemplo, tem uma média de acessos que chega quase a 30% de sua população. Já Angola tem 600 mil ligações na rede — o que lhe dá uma taxa de penetração de mais de 5%.
Isso repercute em todos os demais países africanos de língua portuguesa — São Tomé & Principe, Guiné-Bissau e Moçambique. Mas os que mais cresceram em todo o continente africano foram, sem dúvida, República Democrática do Congo, Congo e Nigéria.
Se considerarmos as dificuldades, as convulsões sociais, as contínuas reconstruções existentes na África nos últimos anos, o quadro é bastante animador — em especial nos países que tem a nossa língua como oficial. O Brasil pode ajudar muito com sua experiência e suas empresas .
Incluir a África — em especial o Palop, notadamente Angola entre estes, é sem nenhuma dúvida um belo e instigante desafio.
* Jairo José Jr. é presidente da Associação Amizade Brasil Angola