Copa 2014: Sustentabilidade é exigência da Fifa

Os estádios que estão sendo construídos ou reformados obedecem os princípios da construção civil sustentável. O novo estádio Castelão também cumpre as exigências feitas a toda a estrutura para o envento.

Castelão

A Copa do Mundo de 2014 no Brasil promete ser "o mundial da sustentabilidade". As ações nesse sentido partem de todos os segmentos envolvidos, direta ou indiretamente, na realização do mais importante espetáculo esportivo do Planeta, que, segundo seus organizadores, receberá cerca de 500 mil turistas. Vão desde a construção e reforma dos estádios que acolherão os jogos até a gastronomia, que contemplará produtos sustentáveis originários dos oito biomas brasileiros.

A sustentabilidade, aliás, é uma exigência da Fifa. O conceito surgiu na Copa da Alemanha de 2006, quando a entidade que rege o futebol mundial estabeleceu o "Green Goal", uma política que prevê medidas como compensação de efeitos de gases do efeito estufa (GEE), utilizando, por exemplo, água da chuva, coleta seletiva de lixo e equipamentos movidos a energia eólica nos estádios.

Castelão

O consórcio construtor responsável pela reforma do Castelão contratou uma consultoria especificamente para cuidar do assunto. Dentro do canteiro de obras, o processo com a regra dos três Rs – reduzir, reutilizar e reciclar – começa a ser utilizado. Todo o concreto resultante das demolições está sendo reciclado para ser usado na pavimentação do novo estacionamento. O estádio contará com um sistema de reaproveitamento de água da chuva para a irrigação do campo e dos sanitários. Além disso, serão utilizados metais e louças com menor consumo de água, como dual flush e torneiras com temporizadores; e todas as novas portas da praça esportiva terão selo 100% FSC. Além disso, a parte metálica da cobertura antiga que foi desativada está sendo separada e destinada à reciclagem.

Expectativa

500 mil turistas estão sendo esperados pelos organizadores da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, nas 12 sedes onde serão realizados os jogos, inclusive em Fortaleza

Opinião
Legado de construções verdes (Por Juan Quirós)

O direito de sediar a Copa do Mundo de 2014, em 12 cidades, e a Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro, somente irá concretizar-se como grande e positiva conquista se viabilizar o resgate dos gargalos da infraestrutura e, ao mesmo tempo, consolidar o conceito de construções verdes no Brasil. Essas duas metas devem ser contempladas pelos investimentos realizados em estádios, estradas, aeroportos e ferrovias, dentre outras obras, pois o mais importante das duas competições é o legado para o País e o seu impacto de longo prazo.

É necessário fazer com precisão a lição de casa preparatória à realização dos dois maiores eventos do calendário esportivo mundial, a começar pelo cumprimento das exigências da Fifa. É sempre pertinente enfatizar que, desde 2006, quando ocorreu a Copa da Alemanha, a entidade maior do futebol estabeleceu como regra geral para toda a infraestrutura, em especial de estádios, os princípios da construção civil sustentável. Que 2014, portanto, seja um marco para a definitiva disseminação e consolidação desse conceito no País. Esta, sem dúvida, seria uma preciosa herança!

Segundo o Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), os chamados prédios verdes podem gerar economia de até 40% no volume de água e 30% na eletricidade. Para isso, é preciso investimento em tecnologias ambientais equivalente a cerca de 5% do valor da edificação. Além dos ganhos ecológicos para os indivíduos e a sociedade, estudo do Banco Mundial demonstra que a melhoria da eficiência energética nas construções pode diminuir em 25% o consumo de eletricidade no Brasil, Índia e China. Isso significaria imensa economia de recursos.

Mas é motivo de preocupação o fato de ainda estar incipiente o processo de preparação. Sem isso, o anacrônico improviso irá encarregar-se de prover estádios bonitos para a Copa do Mundo de 2014, mas o legado, que é o fundamental, seria catastrófico.

*Juan Quirós é Membro do Conselho Global de Construção Sustentável do World Economic Forum (WER)

Fonte: Diário do Nordeste