ONU pede ajuda de US$ 360 milhões aos países do Chifre da África
O Programa Mundial de Alimentos da ONU (PMA) necessita mais US$ 360 milhões para enfrentar até o fim do ano a crise de fome que aflige os países da região do Chifre da África (nordeste do continente), afirmou neste domingo (24) a diretora da entidade, Josette Sheeran. "
Publicado 24/07/2011 11:18
É a mais grave emergência alimentar no mundo", ressaltou Sheeran durante uma entrevista coletiva realizada em Nairóbi (Quênia), acompanhada do ministro das Relações Exteriores da Austrália, Kevin Rudd, e do titular de Cooperação Internacional do Canadá, Beverley Oda, que visitaram a região para observar "in loco" a tragédia.
Mais de 11 milhões de pessoas vivem uma situação crítica na região devido à "tripla" tragédia resultante da "pior seca em 60 anos, (altos) preços dos alimentos e conflitos", como o caos que atinge a Somália há duas décadas, destacou a responsável do PMA. Segundo Sheeran, o Programa Mundial de Alimentos recebeu na semana passada "o compromisso de US$ 220 milhões" destinado à crise de fome no Chifre da África. Ela advertiu, no entanto, que "a lacuna de agora até o final do ano é de US$ 360 milhões" a mais, que faltam para reduzir a emergência alimentar na região.
A escassez de recursos da ONU está sendo uma constante na presente crise, já que a Fundo das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) pediu quatro dias atrás US$ 120 milhões para assistência à agricultura, diante da grave seca que castiga o Chifre da África. Apesar da ausência de verbas, Sheeran ressaltou que "é preciso intensificar" os esforços para ajudar a população, que sofre elevados níveis de desnutrição, especialmente entre as crianças.
Apenas na Somália, onde a ONU declarou estado de crise de fome em duas regiões do sul, até 780 mil crianças correm risco de morrer de fome caso não recebam ajuda urgente, alertou nesta semana o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). "É o maior esforço já empreendido para levar alimentos às crianças no Chifre da África", apontou Sheeran, que advertiu que, caso os alimentos não cheguem, "se poderia perder uma geração".
Na Somália, o PMA ajuda 1,5 milhão de pessoas em regiões às quais a entidade tem acesso, mas ainda não conseguiu chegar a outras 2,2 milhões de pessoas que precisam de socorro. A agência, acrescentou Sheeran, "está considerando todas as opções" para auxiliar a população, como estabelecer uma ponte aérea com Mogadíscio e lançar suprimentos alimentares de aviões.
O grupo radical islâmico Al Shabab – vinculado à rede Al-Qaeda -, que controla grande parte do sul da Somália, avisou nesta semana que as agências humanitárias da ONU continuam sem ter sua permissão para operar na região. Sheeran, no entanto, indicou neste domingo que o PMA "avalia diariamente" essa situação e "trabalha com líderes locais" para aproveitar as "oportunidades" de como ter acesso às pessoas mais necessitadas.
Em relação ao assunto, o ministro das Relações Exteriores da Austrália, Kevin Rudd, cujo país doou mais de US$ 40 milhões contra a crise humanitária no nordeste africano, lembrou que a ONU enfrenta na Somália "uma tarefa complexa, perigosa e arriscada", mas o mundo "deve agir agora", ao invés de ignorar o Chifre da África. "É um apelo direto das crianças da África à consciência do mundo", declarou Rudd, para quem, tomando medidas agora, "pode-se salvar centenas de milhares e, inclusive, milhões de vidas".
Já a ministra de Cooperação Internacional do Canadá, Beverley Oda, enfatizou que "a crise de fome requer uma resposta rápida", pois não há tempo a perder. "Não podemos ficar impassíveis e observar o que acontece. Apelo a todos os países que ajudem o povo do Chifre da África", destacou Ode, cujo país doou nesta semana US$ 50.
Fonte: Efe