Policiais reprimem manifestação na Grécia com violência
Demonstrando repúdio à aprovação pelo parlamento das medidas que asfixiam os trabalhadores do país, manifestantes foram às ruas de Atenas e sofreram forte repressão por parte forças policiais, destacadas para "limpar" a região próxima da praça principal de Atenas.
Publicado 29/06/2011 19:26
Ao menos 192 pessoas foram tratados em hospitais locais por problemas respiratórios em função das bombas de gás lacrimogêneo lançadas pela polícia.
Outros 25 jovens ficaram feridos e, ao mesmo tempo, a polícia indicava que 40 membros da corporação teriam sofrido ferimentos leves.
Após o início da repressão policial, os manifestantes, concentrados na Praça Syntagma (Constituição, em grego), atearam fogo a uma agência de correios e atacaram também a sede do Ministério das Finanças, localizados na região.
Apesar da ampla maioria popular contrária à adoção do pacote, evidenciando o que é a "democracia" representativa burguesa, o pacote foi aprovado com 155 votos a favor, 138 contra e sete abstenções ou faltas. O governo precisava de uma maioria simples, de 151 dos 300 votos da Casa.
A oposição ao governo social-democrata do Partido Socialista – cujas políticas não carregam nada de socialistas, como é comum entre os partidos que representam a social-democracia europeia – duvida que o governo tenha condições de arcar com as consequências das medidas para a sociedade.
O recém nomeado ministro das Finanças, Evangelos Venizelos, defendeu a repressão aos protestos e festejou os cortes, negociados por meio de chantagem com a União Europeia (UE), FMI (Fundo Monetário Internacional) e Banco Central Europeu (BCE).
Sentimento de revolta
Nas ruas, milhares de pessoas manifestaram-se contra o novo plano de austeridade, no segundo dia de greve geral. Foi a primeira vez desde o fim da ditadura militar que os gregos entraram em greve por mais de 24 horas.
A noite de terça-feira ficou marcada por confrontos nas ruas entre a polícia e grupos de manifestantes e mesmo depois do anúncio da votação têm-se repetido as cenas de repressão.
Milhares de policiais foram destacados para a zona do parlamento e dispararam gás lacrimogêneo e balas de borracha sobre os manifestantes.
Depois das dezenas de feridos nos confrontos de terça-feira, a praça Syntagma tornou-se mais uma vez em um campo de batalha, com milhares de pessoas em fuga e a polícia a tentar encurralá-las nas ruas mais estreitas daquela zona da cidade.
O correspondente da BBC em Atenas afirma que bombas de gás lacrimogêneo foram atiradas para a estação do metro, fazendo diversas pessoas cairem nas escadas de acesso, sufocadas.
Cerca de 500 pessoas receberam assistência no interior da estação, com problemas respiratórios devido à nuvem de gás que percorria o centro de Atenas.
O uso de gás lacrimogêneo em larga escala foi também tema de debate no parlamento, com os deputados criticando as ordens dadas nesse sentido às forças policiais e a apelarem ao fim da “guerra química” travada à porta do edifício enquanto decorria a votação.
Nas ruas, o sentimento era de revolta. "Isto é ruim, o país será vendido por um pedaço de pão. Havia muitas outras maneiras mais apropriadas de lidar com isso. Mais uma vez o Parlamento nos traiu", disse Dimitris Kostopoulos, 48, corretor de seguros.
"Continuaremos os protestos até o governo cair, e cairá", disse a estudante Thanas, 22. "Está um caos aqui, mas vamos ficar não importa o que aconteça, vamos lutar para recuperar a praça", acrescentou.
A chantagem contra a Grécia era simples. Caso não fosse aprovado o pacote de maldades, a Grécia não receberia o dinheiro necessário para pagar a dívida.
A praça Syntagma continua tomada pelos manifestantes e cercada por milhares de agentes das forças anti-motins. A greve geral de 48 horas paralisou os setores público e privado, afetou o transporte urbano, aéreo e marítimo, assim como outras atividades produtivas e de serviços.
Com informações da Prensa Latina