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De saída do PV, Marina libera aliados para migrar a outras siglas

Prestes a se desfiliar do PV, a ex-presidenciável Marina Silva autorizou seus aliados a buscarem abrigo temporário em outras legendas para disputar as eleições municipais de 2012. Marina traça roteiro para deixar PV e criar partido.

A medida deve espalhar "marineiros" por partidos da base de apoio e da oposição ao governo Dilma Rousseff até que a ex-senadora funde uma nova sigla para concorrer ao Planalto em 2014. Marina liberou as filiações após ser pressionada por aliados que temiam sair do PV e ficar sem legenda para disputar cargos de prefeito ou vereador no ano que vem.

Outros seguidores foram autorizados a permanecer no PV numa espécie de afastamento branco, sem rasgar a carteirinha partidária. "A orientação é que cada pré-candidato busque abrigo no partido que lhe assegurar espaço na eleição", disse Maurício Brusadin, ex-presidente do PV em São Paulo.

Na terça-feira (28), Marina se reuniu em São Paulo com integrantes do Movimento Marina Silva, que apoiou sua campanha à Presidência, e prometeu respeitar os acordos que forem fechados em cada estado. A tendência é que os "marineiros" se dispersem em várias legendas, sem distinção ideológica. Em São Paulo, já houve convite do PPS, que faz oposição ao governo federal. Em Pernambuco, o grupo é ligado ao PSB, que integra a coalizão de Dilma.

Marina pretende subir no palanque de prefeitáveis ligados à causa ecológica, mas pode ficar sem aliados nas maiores capitais. Seus pré-candidatos naturais no Rio, em São Paulo e Belo Horizonte não têm garantia de espaço em outros partidos.

O novo partido

Na reunião com militantes do movimento, Marina começou a comunicar a apoiadores e simpatizantes que deve deixar mesmo o PV na semana que vem. Ela ficará à margem de siglas partidárias até 2013, quando será articulada uma nova legenda — destinada a dar sustentação à sua provável candidatura presidencial em 2014.

O rompimento tem efeito político e ajuda a preservar o patrimônio político da ex-senadora, que saiu da eleição presidencial de 2010 em terceiro lugar, com quase 20 milhões de votos. Até a articulação do novo partido, em 2013, Marina ficará sob o guarda-chuva de um movimento que deverá se chamar Verdes e Cidadania.

Essa frente também abrigará a maior parte do grupo que se filiou com ela ao PV em agosto de 2009. Dele fazem parte os empresários Guilherme Leal, que concorreu ao cargo de vice-presidente, e Ricardo Young. Este último, mesmo disputando um cargo político pela primeira vez, saiu do pleito para o Senado em São Paulo com 4,1 milhões de votos, ficando na quarta posição.

Marina viaja nesta quarta-feira (29) para a Alemanha, onde manterá contatos com representantes de partidos verdes europeus. A volta está programada para quarta-feira da semana que vem. A data do evento público no qual será anunciada a saída do PV deve acontecer na quinta ou sexta-feira.

Sirkis

No Rio, o deputado federal Alfredo Sirkis, um dos últimos verdes históricos, remanescente do pequeno grupo fundador do PV, já pediu o seu afastamento do cargo de presidente do diretório estadual. "Não posso aceitar o tratamento ignóbil que a burocracia partidária do PV, sob o comando da dupla José Luiz Penna (presidente do PV) e Zequinha Sarney (deputado federal, pelo Maranhão) deu à Marina", disse.

Ainda filiado ao PV, Sirkis pretende dedicar seu tempo à articulação do Movimento Verdes e Cidadania. "A proposta é de um movimento democrático, amplo e de grande capilaridade, com ramificações pelos estados, municípios, bairros, ruas, do mesmo modo que foi articulada a campanha de Marina.”

Da Redação, com agências