UE reitera exigências à Grécia em troca de falso socorro
Preocupada em preservar os interesses dos credores e salvar o euro, a União Europeia diz que concorda em “socorrer” a Grécia mais uma vez, desde que seja aprovado um duro pacote de austeridade. Em Bruxelas, bloco também debate mecanismos para evitar crises futuras.
Publicado 25/06/2011 09:54
A crise da dívida externa esteve no centro do debate no encontro de cúpula dos líderes da União Europeia (UE), em Bruxelas, realizado quinta-feira e sexta-feira
.
Em pleno feriado de Corpus Christi, foi acertado que o bloco se dispõe a ajudar mais uma vez o país mais afetado do bloco, a Grécia, desde que Atenas encaminhe reformas para conter gastos. Será o segundo pacote do tipo para o país, no valor de até 120 bilhões de euros.
O primeiro pacote, definido em maio do ano passado, implicou num aporte de 120 bilhões de euros que evaporaram enquanto o país afundava no pântano da recessão e do arrocho fiscal, com o desemprego subindo a mais de 16% e a classe trabalhadora amargando redução de direitos, demissões e arrocho de salários.
Dinheiro novo para a banca
O “dinheiro novo”, com o qual a troika (FMI, Banco Central Europeu e União Europeia) prometia encerrar a crise, nem chegou a entrar na Grécia, indo direto para o bolso dos banqueiros credores (franceses e alemães, principalmente) em pagamento dos juros da dívida externa grega, hoje bem maior do que o PIB do país.
José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, ressaltou que o dinheiro, no entanto, só será liberado depois que o parlamento aprovar o plano de austeridade, o que pode acontecer na próxima semana. O movimento sindical e o Partido Comunista se opõem vigorosamente ao pacote de arrocho, mas a cúpula da União Europeia e os governos, submissos ao sistema financeiro, teimam em impor as medidas antipopulares.
“As reformas são imprescindíveis, assim como o programa de privatização”, afirmou Barroso.
Proteção contra a crise
Para proteger a União Europeia de crises futuras, os 27 países-membros decidiram implementar o chamado Mecanismo de Estabilidade Europeu (ESM, na sigla em inglês). Também se conseguiu delinear um pacote de leis para fortalecer a supervisão da economia, o chamado Six Pack, uma espécie de pacote de estabilidade e sistema de vigilância macroeconômico, que na verdade amplia o poder da cúpula da União Europeia, assim como da Alemanha e da França, sobre os países mais frágeis da região.
O Mecanismo de Estabilidade Europeu contará com um volume de crédito de 500 bilhões de euros. Depois da ratificação das emendas necessárias no tratado da União Europeia, o mecanismo irá substituir o fundo emergencial EFSF em meados de 2013.
Pressões da troika
Já no início do encontro, era unanimidade entre os líderes europeus que a Grécia não receberá dinheiro caso não efetue as reformas esperadas. O chanceler federal austríaco, Werner Faymann, ressaltou que uma moeda comum também requer obrigações coletivas.
O destino que o capital financeiro, através da troika (FMI, BCE e UE), quer impor aos gregos são décadas de estagnação econômica, desemprego, privatizações e redução de direitos e salários. Resta saber se (e como) conseguirão quebrar a resistência da classe trabalhadora.
Com agências