Milhares de manifestantes protestam na Espanha contra desemprego
Milhares de manifestantes protestaram este domingo (19) nas ruas de Madri e em quase uma centena de cidades espanholas, na primeira grande manifestação do Movimento 15-M desde seu surgimento há um mês.
Publicado 19/06/2011 16:06
A praça Netuno, no centro da capital espanhola, perto da Câmara de Deputados, foi o ponto de encontro de seis marchas que partiram de vários pontos da cidade até reunir cerca de 40 mil pessoas, segundo a polícia. Em Barcelona até 50 mil manifestantes caminharam no centro da cidade.
As seis "colunas" se encontraram na praça Netuno, reunindo pessoas de todas as idades, de crianças em carrinhos de bebê a idosos, em frente a barreiras colocadas por um cordão de policiais para impedir que os manifestantes pudessem chegar até as portas da Câmara.
"Temos que fazer uma nova democracia", disse um dos organizadores, ao ler um manifesto, enquanto os gritos de "Não nos representam" contra os políticos foram um dos mais repetidos em um protesto com vários objetivos.
O pacto de estabilidade da zona do euro e o rigor orçamentário que ela impõe, os políticos acusados de corrupção e de ignorar os cidadãos, e o desemprego que afeta 21,29% da população e cerca da metade dos menores de 25 anos foram os grandes motes do protesto.
"Temos que preparar uma greve geral. Vamos parar este país", disse o mesmo orador, pouco antes de finalizado o ato de protesto, após o qual muitas pessoas presentes fizeram um piquenique no local.
"É preciso dizer basta aos políticos e aos grandes empresários que controlam os políticos. Este movimento vai mudar as coisas. Eu penso vir cada vez que acontecer algo", disse à AFP Braulio López, funcionário do metrô de 45 anos, enquanto ao seu redor, pessoas gritavam "esta crise não a pagamos" e "o povo unido jamais será vencido".
Em Barcelona, os milhares de manifestantes percorreram a distância que separa a Praça da Catalunya, onde se mantém um acampamento de protesto, da Praça do Palau, em meio a um ambiente de festa, sem que tenham ocorrido incidentes.
"O país não pode suportar tanto gasto político", lamentou Ernest Ricard, trabalhador rural de 50 anos, enquanto Angels Ferré, professora, também de 50 anos, se disse "feliz, muito feliz por ver que esta juventude está viva e protesta".
Vários milhares de pessoas protestaram também em Valencia (leste), bem como cerca de 5 mil em outras cidades como Bilbao (país basco, norte), Granada e Málaga (Andaluzia, sul).
O movimento 15-M, que acabou ficando conhecido como o dos "indignados", nascido espontaneamente no dia 15 de maio e que tem reunido milhões de jovens espanhóis exasperados pelas consequências da crise econômica, organizou várias mobilizações no último mês, especialmente acampamentos de protesto em várias cidades.
A mobilização deste domingo na Espanha foi reproduzida em vários países europeus, como a França, onde 450 "indignados" protestaram em Paris, e também em Portugal e Grécia. Estes últimos dois países precisaram de um resgate financeiro europeu.
Em Portugal, cerca de 300 pessoas protestaram em Lisboa, aos gritos de "Espanha, Grécia, Irlanda, Portugal: nossa luta é internacional", enquanto na Grécia, três mil pessoas protestaram em frente ao Parlamento, no mesmo dia em que os ministros da zona do euro mantêm uma reunião crucial para manter a ajuda a Atenas.
Fonte: Uol Notícias