Danny Glover em Cuba: Obama não mudou nada para negros e latinos
O ator norte-americano Danny Glover afirmou em Havana que a chegada ao poder de Barack Obama em nada mudou a marginalização sofrida por negros e latino-americanos nos Estados Unidos, agravada com a crise, segundo uma entrevista publicada nesta terça-feira.
Publicado 14/06/2011 16:42
"O fato de ter um presidente negro (…) não trouxe vantagem alguma para os afro-americanos. O certo é que negros e latinos são os setores populacionais que sofrem mais rigorosamente o impacto da crise", declarou ao jornal oficial Granma.
"Falam que já estamos saindo dos piores momentos (…) estatísticas citam o fim da recessão e o início da recuperação. Mas estas estatísticas não chegam aos negros e latinos, cada vez mais pobres", ressaltou. O ator negro, 64 anos, estimou que "o problema está no mesmo sistema, criado sobre bases destrutivas", não apenas nos Estados Unidos, "mas em boa parte do planeta".
"Vivemos em meio a um esbanjamento material, que confunde o consumo com o bem-estar, o acúmulo de recursos com o sucesso, sem pensar no dano que fazemos a nós mesmos", disse. "Devemos nos conscientizar sobre isso, porque se continuarmos acreditando que o sistema vai se emendar por si só e resolver estes problemas, estaremos nos enganando e caindo em uma armadilha", acrescentou.
O ator norte-americano, em Havana, o resgate das contribuições da cultura africana para a humanidade como parte de "um grande projeto coletivo". "Nossa responsabilidade vai muito além de representar os afrodescendentes e advogar pelos temas relacionados a eles. Mas também abordar a vida daqueles bilhões que nós também representamos", afirmou Glover em um seminário na capital cubana.
Em sua dissertação, o ator considerou necessário identificar projetos para resgatar as contribuições deixadas pela cultura africana aos países latino-americanos e do Caribe. "Estamos em uma etapa na qual os afrodescendentes de todo o mundo estão visíveis. E é um grande projeto, não o projeto de um país individualmente, mas um projeto coletivo", destacou.
Glover ressaltou que a Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) dedicou 2011 como o "Ano Internacional dos Afrodescendentes". Nos seis meses transcorridos desde então este é o primeiro evento do qual participa "que trata com seriedade deste tema", disse.
Desde sua chegada a Havana no final de semana passado, Glover e sua esposa, a intelectual brasileira Eliane Cavalleiro, visitaram vários projetos vinculados ao programa de cooperação da Unicef em Cuba.
Membro do Partido Comunista norte-americano, o ator de 63 anos visitou Cuba em várias oportunidades. A última havia sido em 2009 quando presidiu junto com Harry Belafonte a abertura do escritório da Mostra Itinerante de Cinema do Caribe.
Glover, revelado no filme "A cor púrpura" (1985) de Steven Spielberg e famoso por seu papel com Mel Gibson em "Máquina mortífera" (1987), visita a ilha como Embaixador da Boa Vontade da UNICEF para participar no seminário "Cuba e os povos afrodescendentes da América".
Com agências