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Policial que cometer crime comum pode perder prisão especial

O Comando da Polícia Militar (PM) divulgou nesta quinta-feira (2) medidas para combater a participação de policiais militares nos assaltos à caixas eletrônicos na cidade de São Paulo. De acordo com o coronel e comandante-geral Álvaro Batista Camilo, será feito um pedido ao Tribunal de Justiça Militar (TJM) para que os policiais militares envolvidos em crimes comuns cumpram suas penas em presídios comuns, e não mais no Presídio Romão Gomes, da PM.

Para Camilo, esses policiais que se envolvem com o crime comum são "bandidos de farda" e não merecem proteção. “Esse bandido não é policial. É um bandido! Ele que sofra o tratamento de um bandido comum”, disse.

Conforme investigações do Departamento de Investigações Criminais (Deic) e da Corregedoria da Polícia Militar, são 26 os policiais militares investigados pelos assaltos. O comandante informou também que mudará o horário de trabalho das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) e também da Força Tática da PM.

As duas unidades passarão a iniciar os trabalhos mais tarde, aumentando o policiamento no final da noite e durante a madrugada. Somente da Rota serão de 60 a 80 policiais escalados para o novo horário. A PM ainda promete reforçar a disciplina nos quartéis.

Na última terça-feira, sete pessoas acusadas de integrarem uma quadrilha que atacava caixas eletrônicos na Grande São Paulo foram presas. Entre os detidos, estão quatro policiais militares e um ex-policial militar. As investigações apontam que mais de cem pessoas estão envolvidas nos assaltos; 40 seriam PMs. Nos últimos meses, houve mais de 60 roubos a caixas eletrônicos em São Paulo.

Também foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão. Foram apreendidas, armas, dinheiro, celulares, rádios e um carro de luxo da Chrysler. A operação, denominada Caixa-Preta, envolveu cerca de 60 policiais e foi conduzida pelo Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado (Deic).

De acordo com o delegado Nelson Silveira Guimarães, diretor do Deic, o objetivo da polícia era cumprir pelo menos 70 mandados de prisão. “Mas sofremos com uma terrível burocracia. Para conseguir a autorização para prender alguém é preciso ter a impressão digital do cara, a foto da avó. É complicado”, disse o delegado, que não citou diretamente o Judiciário como responsável pela burocracia.

Guimarães não descartou a prisão de mais policiais no decorrer da investigação. Entre os PMs presos na terça-feira estão dois sargentos e dois soldados. Os líderes do grupo seriam o sargento da PM João Paulo de Olveira e um preso comum, identificado como André Leite. Os policiais dariam apoio logístico às ações, informando sobre os melhores alvos e avisando sobre a movimentação da polícia. André controlaria as ações e seria responsável pela aproximação com os policiais.

De acordo com o diretor do Deic, os criminosos não se limitariam a roubos em caixas eletrônicos, praticando também assaltos a residências, agências dos correios e estacionamentos. A quadrilha é apontada como responsável pela tentativa de invasão do Clube Ipê, na Zona Sul de São Paulo, onde um vendedor ambulante morreu baleado. A investigação ocorre há dois meses e meio. Nesse período, foram presas 26 pessoas.

Neste final de semana, três policias militares foram presos ao tentar assaltar um caixa eletrônico do Banco do Brasil no Jabaquara, Zona Sul de São Paulo. Esses policiais não teriam ligação com o grupo preso nesta terça-feira. Segundo o diretor do Deic, o trabalho de investigação mostrou que há quatro grandes grupos atuando em assaltos a caixas eletrônicos na Grande SP. Ele afirmou que há conexão entre alguns membros desse grupos.

Da Redação, com informações do SPTV