Jan Varela: O PCdoB/Natal: de olho no projeto eleitoral

 Na história das táticas político-eleitorais o partido sempre soube se adaptar à realidade que atravessava. Durante o primeiro governo Vargas (1946), o PCdoB tinha mais de 200 mil militantes organizados, 14 deputados federais, representação no Senado Federal com Carlos Prestes quando, num período de pleno crescimento, foi perseguido pelas forças reacionárias. Já no segundo governo Vargas, tivemos mandatos parlamentares caçados e o Partido Comunista colocado na ilegalidade.

jan varela
 Durante a crise do conhecido socialismo real, na década de 1980, os comunistas organizados no PCdoB reafirmaram o socialismo como modelo de sociedade avançada, construindo a firmeza ideológica que até hoje galvaniza a militância. Esta convicção permitiu ao PCdoB ajudar na resistência ao projeto neoliberal dos anos de 1990, compondo frentes político-eleitorais de combate ao neoliberalismo.

O Brasil vive um momento político propício para os comunistas que apresentaram à sociedade suas propostas e projetos audaciosos. Com a eleição de Dilma, reafirmando o projeto iniciado por Lula, o PCdoB se torna protagonista na apresentação do seu Programa Socialista. Nesse momento, o Partido busca construir o Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, compondo uma frente política heterogênea a nível nacional, defendendo com radicalidade o governo e apresentando para amplas massas as propostas de reformas democratizantes (agrária, política, tributária, urbana, educacional, da comunicação, o fortalecimento do SUS, da seguridade social e segurança pública).

Hoje, o PCdoB procura se apresentar para sociedade como uma alternativa política para populares, democratas, militantes das causas sociais, que possam enxergar no partido comunista um instrumento/espaço para construir uma política séria, ética, efetiva, humana, soberana e desenvolvimentista.

No Rio Grande do Norte e em Natal o PCdoB já demonstrou que tem altivez quando é provocado a ocupar local de destaque na disputa do cenário político. Por essa característica defendo que o Partido deva ser o condutor da construção de uma corrente política que proponha para Natal uma nova visão da política, uma nova fórmula na gestão da cidade. As forças que governam ou já governaram Natal precisam enxergar no PCdoB uma possibilidade real de poder.

Para se firmar como uma força que disputa o poder, é necessário, porém, um partido organizado, enraizado na vida social e política da cidade, com sua militância presente e atuante nos movimentos social, comunitário, sindical e estudantil.

Forjar um movimento sindical classista é tarefa dos comunistas, apresentar o PCdoB para os trabalhadores é responsabilidade de cada militante. Construir um movimento comunitário independente de governo é dever dos comunistas; capacitar e formar uma nova geração de militantes comunitários é tarefa do PCdoB. Os militantes e filiados do partido devem estar presentes nos bancos universitários, em especial na UFRN, partícipes da futura geração de petroleiros, bancários, professores, empresários, pesquisadores, médicos, gestores, etc.

Hoje o PCdoB do Natal, possui aproximadamente 150 militantes, organizados em 14 bases partidárias, com apenas 4 organismos de base em funcionamento, por insistência, com acompanhamento permanente da direção municipal. A massa de militantes acompanha a agenda política e as orientações do partido através do Portal Vermelho e do Partido Vivo ou através de plenárias periódicas que a direção municipal promove. Essa forma de organização não é compatível com um projeto de poder político.

O Comitê Central organizou entre os dias 15 a 17 de abril de 2011, em São Paulo, o 7º Encontro Nacional sobre Questões de Partido. Um evento que comparo a um congresso partidário, pois reuniu os principais quadros partidários de todos os estados e cidades com mais de 100 mil eleitores, produzindo um debate franco e rico que finalizou com a aprovação da Carta Compromisso e a deliberação de que os militantes do partido devem se organizar pelas bases e por local de trabalho. Isso é imperativo.

O projeto político de 2012 está obrigatoriamente vinculado ao nível de organização dos quadros (filiados com mais responsabilidades) e militantes. Nas eleições de 2012, a Câmara Municipal de Natal passará de 21 para 29 cadeiras. Essa nova composição, junto com a tradicional renovação de aproximadamente 40% das vagas, coloca para o Partido a possibilidade de disputar, sem ilusões, 2 a 3 vagas de vereador, pois já em 2008, o PCdoB ficou à menos de 2 mil votos de alcançar o coeficiente eleitoral de 2012.

Mas essa possibilidade tem data de validade para ser concretizada, pois para se disputar as eleições de outubro de 2012, o partido deve tomar dois encaminhamentos. É necessária a filiação partidária de novos camaradas, um ano antes das eleições e temos então, menos de 5 meses para se posicionar com protagonismo para a disputa eleitoral do próximo ano. É preciso que identifiquemos entre o povo, pessoas que busquem a luta política eleitoral e vejam no PCdoB essa possibilidade. É preciso filiar homens e mulheres que desejem ser candidato em 2012.

Junto com esse movimento é preciso que os militantes já filiados se proponham a compor uma chapa de vereadores. Compreendendo que para ser candidato a vereador, não basta ter vontade, é preciso uma serie de critérios, como base partidária organizada, base político-eleitoral mobilizada, plano organizativo traçado, entre outras ações até a convenção eleitoral de julho do próximo ano.

Quando defendo a construção de uma chapa própria de candidatos a vereadores do PCdoB é preciso lembrar que serão 35 candidatos (as) (sendo 14 de gênero diferente), cada um com uma coordenação de campanha (Coordenador Geral, de finanças, marketing, mobilização). Lembrar que o tempo de TV deve ser dividido politicamente para todos os candidatos, etc.

Quando defendem que PCdoB deve lança candidato a prefeito de Natal, é preciso lembrar que nossa cidade tem 43 bairros, divididos em 4 zonas administrativas, com mais de 500 mil eleitores. Um projeto eleitoral dessa magnitude não pode ser interpretado como uma chuva de verão ou uma aventura juvenil. Para que o partido possa construir um projeto majoritário é preciso primeiro saber que o PCdoB não entra em campo para brincar. Os comunistas têm grandes responsabilidades na reconstrução da cidade de Natal e na construção das forças que poderão colocar o Rio Grande do Norte no rumo de desenvolvimento, em sintonia com o Brasil.

O PCdoB não é um partido qualquer, os comunistas utilizam do materialismo histórico e dialético para ler a conjuntura e se posicionar com a maior coerência com nossos objetivos estratégicos, que é a luta imediata pelo socialismo.

Como está firmado no primeiro parágrafo do nosso Programa Socialista “o PCdoB está convicto de que, no transcorrer das primeiras décadas do século XXI, o Brasil tem condições para se tornar uma das nações mais fortes e influentes do mundo”. E concluindo no último parágrafo do mesmo documento balizador “os comunistas alicerçados na força e na luta do povo estão chamados a construir um PCdoB forte à altura dos desafios desta grande causa”.

E Natal está conectada essencialmente a essa luta.

 

Jan Varela, Jornalista, Dirigente Municipal do PCdoB/Natal, chefe de gabinete do vereador George Câmara (PCdoB/Natal).