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Honduras: Frente de Resistência anuncia criação de partido

Com a volta do ex-presidente Manuel Zelaya a Honduras, no último dia 28, a FNRP (Frente Nacional de Resistência Popular) confirmou no domingo (29) a transformação da Frente em um partido político.

Nos próximos dias, a FNRP iniciará o processo de coleta de assinaturas para solicitar ao Tribunal Supremo Eleitoral o reconhecimento da organização como partido apto a participar das eleições hondurenhas.

A criação do partido está respaldada pelo ponto 6 do "Acordo para a Reconciliação Nacional e Consolidação do Sistema Democrático na República de Honduras”, assinado no último dia 22 por Zelaya e o atual presidente, Porfirio Lobo.

"Velar pelo cumprimento de todas as garantias que a lei concede para que a Frente Nacional de Resistência Popular solicite sua inscrição ante o Tribunal Supremo Eleitoral e participe democraticamente nos processos políticos eleitorais de Honduras”, dispõe o documento.

Em entrevista coletiva, Zelaya disse que a FNRP se transformará em um bloco político tendo como exemplo a Frente Ampla, que governa o Uruguai desde 2005.

"A FNRP será uma frente ampla integrada por partidos políticos, sindicatos, professores, camponeses, patronatos, organizações civis e não-governamentais, sem que ninguém perca a identidade”, detalhou.

Sobre os próximos passos da organização política, Zelaya declarou que "estamos lutando politicamente para que dentro de dois anos a organização popular, com nova forma ideológica, de progresso, chegue ao poder”. Entretanto, considerou "prematuro” pensar nas eleições de 2013 e em possíveis acordos eleitorais.

De acordo com o porta-voz da Frente, Juan Barahona, em entrevista à TeleSur, o partido pretende alcançar "a tomada do poder pela resistência”.

Barahona explicou que a Frente pretende iniciar a escolha de candidatos para possíveis eleições livres. "Não falamos de candidatura, até agora, porque quisemos esperar que Zelaya chegasse ao país. Mas no mesmo processo que se vá legalizando o partido iremos falando de candidaturas. Faremos por consenso ou em assembleias populares, para que tenham o respaldo desde a base”, afirmou.

O porta-voz da Frente de Resistência destacou ainda que a volta de Zelaya marca a continuidade de uma luta contra a situação de impunidade em Honduras, iniciada com o golpe de Estado de junho de 2009, quando Zelaya foi retirado da presidência do país.

"Neste país a impunidade existe. Os golpistas estão no poder com o governo de Porfirio Lobo. Não baixaremos a guarda para exigir um castigo aos responsáveis do golpe de Estado, independentemente do acordo, nem esquecimento, nem perdão”, sublinhou.

Fim do exílio

Após quase dois anos de exílio, Zelaya voltou a Honduras acompanhado pelos chanceleres da Venezuela, Nicolás Maduro, e da República Dominicana, Carlos Morales Troncoso, além do embaixador da Venezuela frente à OEA (Organização dos Estados Americanos), Roy Chaderton e da senadora colombiana Piedad Córdoba.

Recebido por milhares de seguidores que foram até o aeroporto de Toncontín, em Tegucigalpa, o ex-presidente afirmou que seu retorno é uma "vitória da resistência e do povo hondurenho”. Disse ainda que o golpe de Estado foi um "fracasso das direitas da América Latina”.

Fonte: Agência Adital