Diversidade feminina marca a II Plenária Estadual da UBM/CE
Neste final de semana, nos dias 21 e 22 de maio, a União Brasileira de Mulheres (UBM) Seção Ceará reuniu mulheres de vários municípios. Quilombolas, indígenas, mulheres de terreiros, estudantes, sindicalistas, atuantes dos movimentos comunitários, negras e LGBTT debaterem os documentos nacionais, elegeram a coordenação estadual da entidade e as delegadas que representarão o Estado no 8º Congresso Nacional da UBM.
Publicado 23/05/2011 14:29 | Editado 04/03/2020 16:31
O evento que ocorreu na Sede do Sindicato dos Bancários no Ceará foi prestigiado por autoridades do poder público, parlamentares e pela ativista Maria da Penha. Durante a abertura da Plenária Estadual, a UBM/CE recebeu congratulações pela participação efetiva nas discussões dos temas femininos no Estado. A Defensora Pública Francilene Gomes parabenizou a entidade pelo comprometimento de debater não só o tema da violência, mas as políticas públicas que devem ser implementadas no Estado.
Francilene também falou sobre a importância de ampliação da Defensoria, já que grande parte do público atendido é composta por mulheres. “Precisamos de mais equipamentos públicos para atender essas pessoas. Nós temos um débito de criar núcleos em outros bairros, para ficarmos mais próximos do povo, sobretudo das mulheres”, afirmou.
A Defensora Pública também informou sobre os serviços como o ‘Alô Defensoria’, inaugurado este ano e que tem como principal objetivo tirar dúvidas e facilitar as informações sobre diversas questões; e a criação da Ouvidoria Externa que será formada por movimentos sociais e receberá críticas e sugestões para melhorar o trabalho do órgão. Para esclarecer sobre as atribuições do próximo instrumento da Defensoria, uma Audiência Pública está marcada para o próximo dia 27.
A Coordenadora de Políticas para as Mulheres do Ceará, Mônica Barroso saudou as ‘ubemistas’ e chamou atenção para a campanha de criação dos Conselhos Municipais dos Direitos da Mulher. Atualmente existem somente 56 conselhos municipais e a ideia da Coordenadoria é expandir mais, no intuito de incentivar a participação das mulheres em torno das políticas públicas.
Mônica também alertou que este é ano de Conferência Nacional das Mulheres e ressaltou a importância do engajamento das cearenses no processo congressual. “Realizaremos reuniões preparatórias nos municípios e contamos com uma grande participação das mulheres tanto no Congresso Estadual, como Nacional”, afirmou.
Espaços de poder
A Vereadora Eliana Gomes (PCdoB) destacou o papel da mulher nos espaços públicos e a importância da intervenção feminina dentro das casas legislativas. Para Eliana, a ascensão das mulheres nesses espaços contribui e é decisivo para o desenvolvimento do país. “Estamos em um momento ímpar, vamos sediar uma Copa do Mundo de Futebol e queremos uma cidade preparada para receber esse evento, mas também exigimos que nos seja deixada uma herança positiva que ajude o Brasil a crescer mais”, cobrou.
A Secretária de Mulheres do PCdoB no Ceará, Nágyla Drumond destacou o 8º Congresso da UBM como o primeiro após a eleição de Dilma Rousseff e frisou a pauta deste congresso que surge na perspectiva de continuidade dos avanços feministas na conquista por mais espaços. “Nós não queremos estar nos espaços públicos para criar uma república feminina, mas sim porque nós temos opiniões sobre diversos assuntos e contribuímos ao longo da nossa história com o desenvolvimento do Brasil”, afirmou.
Sobre o Congresso Nacional, Nágyla reiterou que diversas gerações estarão discutindo a questão feminina na contemporaneidade. “As mulheres que estarão neste congresso enfrentaram a Ditadura Militar, quebraram tabus e em conjunto com mulheres dos quatro cantos do Brasil vão discutir os direitos à cidade, ao corpo, à política, à cultura, para que assim possamos avançar as bandeiras feministas e lutar por dias melhores para nossas mulheres”, finalizou.
Homenagens
A ativista Maria da Penha também participou do encontro e recebeu das militantes de Cratéus uma camiseta do bloco que batizado com o seu nome. Para Maria da Penha, a homenagem e a participação em um encontro de mulheres é sinal de fortalecimento da categoria e criticou o poder público com relação aos mecanismos de acesso à informação. “Deve-se facilitar os telefones de denúncias porque senão as pessoas se decepcionam, não procuram e o pior ficam sem saber a quem recorrer”, lamentou.
Também foi realizada uma homenagem à memória da militante da UBM de Maracanaú, Mazé, que faleceu no ano passado. Os filhos e companheiro emocionados receberam as flores e agradeceram a lembrança feita no Congresso. “Mazé era lutadora, tinha disposição e coragem, nós deixou uma grande lição: de nunca desistir de lutar”, emocionou-se o companheiro Nonato César.
Debates e votações
Já no domingo, após a mesa temática inicial que discorreu sobre a luta contra a violência doméstica e familiar, as participantes foram divididas em grupos para discutir temas como educação inclusiva e não sexista; enfretamento à violência; saúde; trabalho e autonomia econômica; reforma urbana, meio ambiente e mídia. O material usado para subsidiar o debate foi o encarte especial da Revista Presença da Mulher.
Na plenária final, foram apresentadas as propostas e polêmicas sobre os trabalhos nos grupos, que serão sistematizadas e enviadas ao Congresso Nacional da UBM. As ubemistas também aprovaram moções de apoio à CPI que investigará o esquema de exploração sexual de crianças e adolescente em Fortaleza e da criação dos Conselhos Municipais dos Direitos das Mulheres.
As moções de repúdio foram contrárias às declarações machistas, homofóbicas e preconceituosas por parte do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), que foram veiculadas na mídia recentemente e também contra o governo dos Estados Unidos pela invasão à Líbia. “Nesses ataques, as mulheres são as primeiras a serem violentadas, abusadas e nós queremos respeito à autodeterminação dos povos”, diz a nota de repúdio.
Para a Coordenadora da UBM/Ceará, Francileuda Gomes, a Plenária Estadual foi vitoriosa, qualitativa e descortinou outros desafios, como o reforço da organização da UBM em outros municípios. Francileuda afirmou que a participação das feministas cearenses na etapa nacional vai contribuir para fortalecer a UBM no Estado e garantir uma maior inserção nos debates locais. “A diversidade desse Congresso é um marco histórico para o nosso Estado. Tivemos mulheres de diversas localidades, parteiras, mães de santo, sindicalistas, jovens, enfim mulheres que saíram de suas cidades para debater o melhor para o povo e a UBM/Ceará com certeza sai dessa plenária fortalecida para enfrentar os desafios que virão”, comemorou.
De Fortaleza,
Ívina Carla (Estagiária do Portal Vermelho)