Trabalhadores do Porto do Pecém fazem nova paralisação
Trabalhadores do Terminal Portuário do Pecém protestaram novamente ontem pedindo o 30% do adicional do risco de vida. A mobilização reforça a luta dos trabalhadoers do porto por melhores condições de trabalho.
Publicado 21/05/2011 13:41 | Editado 04/03/2020 16:31
Mais uma paralisação ocorreu no Porto do Pecém durante a manhã de ontem, quando cerca de 800 funcionários interromperam as atividades de carga e descarga.
Terminal Portuário do Pecém foi palco de novas manifestações dos trabalhadores. Dando continuidade à manifestação realizada no último dia 5, cerca de 800 trabalhadores paralisaram suas atividades por 3 horas para reforçar o pedido de 30% do adicional do risco de vida, assédio moral, demissão de um funcionário após protesto do começo do mês e anúncio urgente de concurso público para suprir a demanda do portão de entrada e saída.
O funcionário da empresa Terminais Portuários Ceará (Tecer), Estenio Ribeiro dos Anjos, foi demitido um dia depois da manifestação do dia 5. Ele conta que a justificativa da empresa foi por ele ter tido má conduta ao falar na manifestação. “Peguei o microfone e só falei sobre as condições ruins de trabalho e abuso moral, aí eles me demitiram”, diz Estenio Ribeiro.
De acordo com o diretor do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Estadual do Ceará (Mova-se) e funcionário da Companhia Cearáportos, Hernesto Luz, não houve nenhuma negociação junto ao Governo do Estado. “Como o governador não deu nenhuma resposta, a gente voltou para dizer que o Fórum (dos sindicatos) vai continuar esse tipo de ação até o governador se sensibilizar e atender às nossas reivindicações”, considera.
Ele ainda diz que o Mova-se entrou com uma ação na Justiça do Trabalho pelo adicional de risco de vida e ganhou a causa mas a Cearáportos entrou com um pedido de embargo. “Na semana passada, a juíza julgou improcedente o pedido e um dos objetivos da manifestação é impedir que a Cearáportos entre com um recurso e que ela pague o adicional de risco de vida de 30% baseada na decisão da Justiça”, defende Hernesto Luz.
Segundo o presidente do Sindicato dos Empregados em Transportes Aquaviarios e Operadores Portuários do Estado do Ceará (Settaport), Antônio Carlos da Costa, houve agressão contra ele por parte da coordenadoria da Cearáportos no momento da manifestação e anteontem princípio de incêndio no Pier 1.
“Quando cheguei no Porto estava atracando um navio para operacionar, quando houve uma explosão dentro do Porto de um cabo com alta tensão. Houve um tumulto de princípio de incêncio e tiraram as pessoas do Pier. E isso nada foi dito para nenhuma operadora, o que acontece no Porto é a discriminação do trabalhador”, conta Carlos Costa. Caso não sejam cumpridas as exigências é possível paralisação das atividades, diz o presidente do Settaport.
As acusações de agressões foram negadas.”As operações foram normais, não houve qualquer tipo de paralisação de atividade nem incêndio. Não temos essa informação, o que houve apenas foi uma queda de energia normal”, afirma o assessor executivo da presidência da Cearáportos, Luciano Arruda.
Mobilizações anteriores
Em março de 2011 trabalhadores de montagem industrial e construção pesada ameaçaram entrar em greve em todo o Complexo Industrial do Porto do Pecém (CIPP) após anúncio de investimento de R$ 588 milhões para expansão e modernização do Porto do Pecém.
Dia 5 de maio deste ano trabalhadores do Porto do Pecém paralisaram atividades por 12 horas e também paralisaram 600 caminhões de carga. Eles protestaram por melhoria das condições do trabalho como pagamento do adicional e concurso público para suprir demanda. Foi formado o Fórum Unificado dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Futcip) e houve a participação de sete sindicatos que representam quase 100% dos cerca de 2 mil trabalhadores do Porto.
Fonte: jornal O POVO