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Espanhóis acampam em protesto contra política econômica

Acampadas nas ruas das principais cidades da Espanha, milhares de pessoas completaram nesta quarta-feira (18) o quarto dia consecutivo de protestos contra as medidas de austeridade adotadas pelo governo do país.

As manifestações, organizadas por meio de redes sociais e inspiradas nos levantes populares recentes do Oriente Médio e do Norte da África, devem durar até as eleições municipais do próximo domingo, segundo os organizadores.

"Tudo é espontâneo", disse um dos porta-vozes do grupo, Pablo Gómez. Segundo ele, o movimento não tem lideranças, bandeiras ou mesmo reivindicações claras.

Os manifestantes reclamam que não há emprego ou moradia, que as ajudas sociais são cada vez mais escassas e que as aposentadorias estão sendo reduzidas, enquanto as instituições políticas e financeiras, nacionais e internacionais, preferem ajudar os banqueiros que os cidadãos.

O protesto começou na tarde de domingo em Madri, com uma passeata convocada por associações estudantis.

Os universitários resolveram acampar e passar a noite na praça Puerta del Sol, no centro da capital. Em dois dias, o acampamento tornou-se permanente, estendendo-se a 40 cidades, incluindo Barcelona, Valência, Málaga, A Coruña e Sevilha.

Espalhando a mensagem pelas redes sociais, o grupo passou de menos de 50 pessoas na noite de domingo para 4 mil – apenas em Madri – na manhã da quarta-feira.

O grupo foi desalojado da praça pela polícia na segunda-feira, mas voltou, com a ajuda de advogados voluntários, na tarde seguinte. O movimento então se espalhou para outras cidades espanholas, e o número de participantes vem aumentando.

Ao lado de cartazes e bandeiras do Egito (em alusão ao levante que derrubou o presidente Hosni Mubarak), os manifestantes decidiram fazer revezamento em turnos para manter o espaço por eles ocupado.

Os participantes têm recebido o apoio de aposentados, desempregados e de diversos setores da população, que estão levando água, comida e material para manter o acampamento até o próximo domingo, data das eleições municipais.

Os manifestantes rejeitaram a associação com grupos políticos. Eles pediram formalmente que dois partidos de esquerda retirassem de seus sites mensagens de apoio.

"(Os partidos) não nos representam. Não aceitamos ser usados como arma política", disse outro porta-voz do movimento, Luis Garcia.

A prefeita de Madri, Esperanza Aguirre (do conservador Partido Popular), acusou os manifestantes de fazer "campanha claríssima para os partidos de esquerda".

O sociólogo Jaime Pastor Verdú diz que os protestos são interessantes por terem surgido "de maneira espontânea, pelas redes sociais, e desvinculados dos partidos e sindicatos".

No entanto, o catedrático em Opinião Pública e Cidadania e professor de Política na Universidade Complutense de Madri, Fermin Bouza, acha que falta ideologia ao movimento.

"Dá a sensação de caminhar no escuro. Sem intenções, fica difícil continuar lutando por uma causa justa", afirma.

Com agências